Responsabilidade dupla

Jornal da Tarde - São Paulo - Sexta-feira, 13 de agosto de 2004

sex, 13/08/2004 - 10h19 | Do Portal do Governo

A manutenção de altos níveis de cobertura vacinal é essencial para evitar o retorno da poliomielite e do sarampo ao Estado de São Paulo

Carlos Magno Fortaleza

Nos últimos anos ocorreram grandes vitórias na área da saúde coletiva no Estado de São Paulo. Houve queda importante nos índices de mortalidade infantil. A disponibilidade de vacinas em rotina e campanhas permitiu o controle da paralisia infantil (poliomielite) e do sarampo. Essas duas doenças podem voltar a representar uma grave ameaça à saúde da população, o que hoje não representam, especialmente para crianças. A poliomielite, ou paralisia infantil, é uma doença grave que pode matar ou deixar terríveis seqüelas. Mesmo eliminada de São Paulo em 1988, e do Brasil em 1989, seu vírus continua a circular em países da África e Ásia. O risco de uma nova introdução dessa doença é motivo para manutenção de vigilância ativa e vacinação da população infantil.

Já o sarampo é causado por um vírus que se dissemina facilmente pelo ar. É, portanto, uma doença altamente contagiosa. Seus sintomas mais freqüentes são febre, tosse, coriza e pele avermelhada (exantema). A doença costuma causar fraqueza e perda do apetite.

Aproximadamente 30% dos casos apresentam alguma complicação – diarréia, inflamação no ouvido (otite) e pneumonia são as mais comuns. Mais raramente pode haver comprometimento cerebral (encefalite). O sarampo pode levar à morte.

Quase 24 mil pessoas no Estado de São Paulo tiveram sarampo em 1997. A doença foi controlada com campanha de vacinação. O número de casos foi drasticamente reduzido no ano seguinte. Em 2001 e 2002 só foram identificados casos importados do Japão e em 2003 não houve ocorrência de sarampo em São Paulo.

A manutenção de altos níveis de cobertura vacinal é essencial para evitar o retorno da poliomielite e do sarampo ao Estado de São Paulo. É com esse espírito que daremos início, em 21 de agosto, à segunda fase da Campanha de Vacinação contra a Poliomielite. Este ano, essa campanha será realizada em conjunto com a Campanha de Vacinação contra o Sarampo. É fundamental que as crianças até cinco anos de idade compareçam aos postos de saúde para receber as gotinhas da vacina Sabin, que protege contra a paralisia infantil. É também essencial que aquelas com idade entre um e cinco anos sejam vacinadas com a tríplice viral (vacina conta sarampo, caxumba e rubéola). A campanha se estenderá até 3 de setembro. Mas é recomendável que os pais aproveitem o dia 21 para levar seus filhos aos postos de vacinação.

A meta da Secretaria de Estado da Saúde é vacinar contra a poliomielite 95% dos 3,3 milhões de crianças que ainda não completaram cinco anos nos 645 municípios paulistas. No ano passado, foram imunizados 96,6% do público alvo, na média das duas etapas da campanha, superando a expectativa. Com mais uma campanha contra o sarampo e a paralisia infantil, e contando com a adesão maciça da população paulista, a secretaria espera dar mais um passo decisivo para o controle de doenças, garantindo um futuro cada vez mais saudável para nossas crianças.

Carlos Magno Fortaleza é médico infectologista e
diretor do Centro de Vigilância Epidemiológica da
Secretaria de Estado da Saúde.