Regente recém-premiado, Mechetti comanda Osesp

Folha de S. Paulo

qui, 04/06/2009 - 8h18 | Do Portal do Governo

Vencedor do prêmio Carlos Gomes estará à frente da orquestra entre dias 18 e 20

Diretor da Sinfônica de Jacksonville, nos EUA, e da Filarmônica de MG, regente é cotado para suceder John Neschling na Osesp

O brasileiro Fábio Mechetti, 51, diretor artístico da Sinfônica de Jacksonville e da Filarmônica de Minas Gerais, será um dos regentes da Osesp (Sinfônica do Estado) neste mês. Fará entre os dias 18 e 20 a abertura de “Rienzi”, de Wagner, a “Sinfonia nº 5”, de Tchaikovsky, e, tendo como solista o alemão Johannes Moser, o “Concerto para Violoncelo”, de Paul Hindemith.

Mechetti está em evidência pela criação, em Belo Horizonte, de um dos melhores conjuntos da recente história musical brasileira, que lhe valeu o prêmio Carlos Gomes de melhor maestro de música sinfônica no mês passado. É também o único nome brasileiro que circula como possível sucessor de John Neschling, na própria Osesp, a partir de 2011.

“Não fui contatado. Não sei se sou candidato ou não. Mas a Osesp é a melhor orquestra do Brasil, e por razões óbvias eu poderia estudar o assunto”, disse ele à Folha. Foi com a antiga Osesp que ele estreou como maestro, fazendo aos 22 anos uma cantata de Bach, a “BWV 147”. E foi com a mesma orquestra que teve, em 1995, um dos grandes incidentes de sua carreira. “Depois de tentar ensaiar a “Sinfonia nº 7″, de Dvorak, percebi que o nível musical estava tão lamentável que cancelei o concerto”, afirma.

Mesmo assim, tão logo morreu no ano seguinte o maestro Eleazar de Carvalho, o nome dele encabeçava a lista de sucessores votada pelos músicos. “Era preciso mudar tudo, e esse foi o grande mérito de Neschling [afastado em janeiro da direção da orquestra]”. Antes da Filarmônica de Minas -ela incorporou apenas 35 dos músicos da antiga Sinfônica; 52 outros foram contratados- , Mechetti regia apenas esporadicamente no Brasil.

Passou 27 anos nos Estados Unidos. Primeiro, de 1981 a 1984, como aluno de composição e regência da Julliard, em Nova York. Em seguida, como assistente de Mstislav Rostropovich, na Sinfônica Nacional, de Washington, e como diretor das orquestras de Spokane e Siracusa. Em Jacksonville, na Flórida, onde está desde 1999, “uma tradição de 60 anos permite num único ensaio preparar um programa de maior complexidade”, argumenta.

Com três nacionalidades -é brasileiro, americano e italiano-, Mechetti é casado com a pianista Aída Ribeiro, com quem tem gêmeas de seis anos. Ele é paulistano, filho do maestro Marcelo Mechetti e neto de outro maestro, Sisto Mechetti, ex-titulares do Coral Lírico do Teatro Municipal.

Formou-se no Conservatório Musical Brooklin Paulista e, depois de rápida passagem pelo curso de jornalismo da USP, graduou-se em composição, pela Unesp, com o francês Michel Philippot, referência em música contemporânea no Brasil dos anos 70.

O maestro voltará a reger a Osesp em setembro, num programa que trará Samuel Barber, Mendelssohn e Richard Strauss. Até lá, entre seus compromissos no Brasil, regerá oito programas em Belo Horizonte, onde fará, também neste mês, uma montagem de “Macbeth”, ópera de Verdi.

Osesp em junho

Quando: qui. e sex., às 21h; sáb., às 16h30
Onde: Sala São Paulo (pça. Júlio Prestes, 16, SP; tel. 3223-3966)Quanto: de R$ 30 a R$ 104
Classificação: não indicado a menores de 7 anos