‘Refugiados urbanos’ se reúnem em piquenique

Folha de S. Paulo - Turismo - Quinta-feira, 25 de novembro de 2004

qui, 25/11/2004 - 9h08 | Do Portal do Governo

Cantareira reserva área para convescotes

HELOISA LUPINACCI
DA REPORTAGEM LOCAL

Bola dividida entre São Paulo e Mairiporã, o Parque Estadual da Serra da Cantareira (zona norte) abriga refugiados urbanos nos fins de semana. E há um tipo de refugiado bem simpático: o que promove piqueniques.

Não é preciso ter cesta de palha e toalha xadrez para se juntar ao grupo, e o lanche à beira do lago das Carpas é temperado por cantos de jaó e desfiles de saracura. ‘Fogo-apagou’, canta o pássaro, e o sanduíche fica mais gostoso.

O passeio pode ser de dois tipos: ‘combo’ ou simples.

A primeira opção mistura caminhada e lanche e exige preparo e disposição. O visitante deve entrar no parque pelo núcleo Pedra Grande e andar 13 km até a área de piquenique. São duas horas de caminhada em ritmo moderado. É indispensável levar uma garrafa de água, que cada participante deve carregar em sua mochila.

Se optar pelo tour simples, entre pelo núcleo das Águas Claras, perto da área de piquenique.

Quem decide pela caminhada observa, no caminho, vários animais, como os macacos-prego, que dividem galhos com os bugios. Quem é craque faz silêncio para não afastar os bichos.

Outro bônus dos andarilhos é a Pedra Grande, um camarote da cidade do qual se avistam São Paulo e a infeliz nuvem de poluição que a cobre.

Mesmo quem decide fazer o passeio simples vê os bichos no curto trecho que separa a entrada das Águas Claras da área de piquenique, que fica à beira do lago que a batiza. Um gramado serve de mesa para quem topa fazer a refeição no chão. O local tem banheiros bem cuidados e limpos.

Zôo-desfile

Uma vez instalado, vale ficar no parque até o fim da tarde, hora em que os bichos começam a sair do mato. Os cantos de aves se multiplicam. Só nessa hora se vê um casal de jacutingas, pássaro ameaçado de extinção que tem papo vermelho, equilibrando-se em copas de árvores.
O zôo-desfile pode, porém, ter momentos tensos. Em um sábado, lá pelas 18h, uma jararaca cruza o asfalto. Ela é rápida e tem a cabeça erguida, que é quase esmagada por um visitante. A solução é deixá-la em paz. Ela volta para a mata do jeito que veio.