Rede pública terá telecursinhos

O Estado de São Paulo - Sexta-feira, dia 26 de janeiro de 2007

sex, 26/01/2007 - 11h49 | Do Portal do Governo

O Estado de São Paulo

Outros projetos incluem bolsas e incentivo à pesquisa; secretário nega ameaça à autonomia das universidades

Simone Iwasso

O primeiro projeto da Secretaria de Ensino Superior, criada oficialmente no começo do mês por meio de um decreto do governador José Serra (PSDB), prevê a formação de telecursinhos pré-vestibulares nas escolas de ensino médio da rede e o pagamento de bolsas de estudo para alunos carentes freqüentarem os cursinhos oferecidos nos campus das três universidades estaduais – Universidade de São Paulo (USP), Universidade Estadual Paulista (Unesp) e Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).

Isso porque, segundo o secretário José Aristodemo Pinotti, uma das propostas da pasta é atuar como ponte entre o ensino básico e o superior – até então, as universidades estaduais estavam submetidas à Secretaria de Ciência e Tecnologia. “Vestibular muitas vezes mede a capacidade econômica do aluno; aquele que estuda em uma boa escola e paga um bom cursinho têm mais chances. Vamos tentar diminuir essa distorção”, afirma.

Segundo ele, serão dadas aulas a distância, utilizando a estrutura de televisão, antenas e vídeos existentes nas escolas de ensino médio. “Vamos fazer em parceria com a Secretaria da Educação, aproveitando o que já existe, com custo baixo. O aluno do terceiro ano do ensino médio já estará na escola, vai apenas continuar mais algumas horas ou voltar em outro período, se quiser”, afirmou o secretário.

O método de ensino e o formato das aulas serão escolhidos por meio de uma licitação, para a qual as instituições que trabalham com esse tipo de ensino devem enviar as propostas. O secretário cita o Estado de Pernambuco como modelo para a iniciativa.

Outra medida prevista pela secretaria para começar no segundo semestre é o pagamento de bolsas de estudo, para que alunos carentes possam freqüentar os cursinhos oferecidos pelas três universidades estaduais. Seriam mil bolsas para estudantes de cada uma.

Pinotti ressalta que a idéia não é criar cursinhos, mas fazer parcerias com os que já existem e são, na maioria, administrados pelos próprios estudantes. Na USP, por exemplo, há cerca de dez do tipo, além do Cursinho da Poli, o maior e mais conhecido deles, cuja mensalidade está em torno de R$ 270 e não está mais nas mãos de estudantes.

ESTÁGIOS

Além disso, a secretaria pretende investir na criação de escolas de aplicação, instituições modelo ligadas à universidade, que servem como local de pesquisa, experimentação e estágio de alunos. Em São Paulo, a Escola de Aplicação da Faculdade de Educação da USP funciona como referência para pesquisa pedagógica.

“Além de melhorar o ensino e ajudar a aperfeiçoar a rede, essas escolas fazem uma boa aproximação entre o conhecimento acadêmico e a sociedade, a vida real da escola. É um modelo que foi muito usado no passado, mas nos últimos tempos estava deixado de lado e o governador já disse que vai retomar”, afirma o secretário.

Pinotti diz que algumas escolas da capital estão sendo estudadas para receberem os primeiros projetos.

AUTONOMIA

Com as propostas, o secretário pretende também combater uma desconfiança que surgiu em parte do meio acadêmico com a criação da pasta: o da perda da autonomia, prevista no estatuto das universidades.

“A autonomia é essencial e é uma grande conquista, inclusive a garantia do repasse de 9,57% do ICMS. Isso não vai mudar. Sei que falaram sobre isso, que existe esse medo, mas não podemos mexer nessas questões. Isso não está cogitado”, afirma. Ele cita, como exemplo, os encontros que têm mantido com os reitores.