Recuperação muda cenário do Ecológico

Correio Popular - Campinas - Domingo, 22 de maio de 2005

seg, 23/05/2005 - 9h34 | Do Portal do Governo

Expectativa é que a maior área de lazer de Campinas seja entregue à população dentro de um mês e meio

Zezé de Lima
Da Agência Anhangüera

A Secretaria de Estado do Meio Ambiente e a Prefeitura de Campinas se preparam para reinaugurar, em aproximadamente um mês e meio, o Parque Ecológico Monsenhor Emílio José Salim. Segundo a diretora do Parque, Carmem Elias, estão sendo finalizadas as obras de recuperação do casarão histórico, sede da Fazenda Matto Dentro, da tulha e do viveiro, além da reforma de toda a rede elétrica, que consumiram cerca de R$ 4 milhões em investimentos. A reinauguração se dará com cerca de seis meses de atraso em relação à data prevista, que era dezembro do ano passado.

A recuperação da maior área verde de Campinas, com 285 hectares, foi viabilizada a partir de uma parceria firmada no ano passado entre o Estado e o Município com a Petrobras, a Shell Química e a Companhia Paulista de Força e Luz (CPFL). A primeira parceira entrou com R$ 2 milhões; a segunda, com R$ 586 mil e a última, não injetou dinheiro, mas se comprometeu a recuperar toda a parte elétrica da área interna e externa do parque.

A diretora do Ecológico disse que apesar de os trabalhos ainda estarem sendo finalizados, o público já começou a voltar ao parque que, por oito anos, deixou de atrair visitantes por estar depredado e ser freqüentado por vândalos e bandidos. “Temos empresas que já estão retornando e fazendo os seus eventos aqui. Temos também as escolas, se bem que essas devem aumentar mais quando o parque for reinaugurado”, disse.

Carmem espera que novos interessados em promover atividades na área de lazer surjam após a reinauguração. “Vamos promover bastante atividade aqui”, planeja, lembrando que parte do horário e do espaço já é tomada pelas oficinas da Secretaria de Estado da Cultura. “A Secretaria (Cultura) também inaugurará aqui, no Casarão, uma biblioteca com 4 mil títulos, computadores, é um projeto bem legal”, avaliou.

A segurança da área, de acordo com a diretora, tem sido eficiente, com novos postos fixos e mais pessoal, além de rondas da Guarda Municipal de Campinas feitas de hora em hora. O aparato tem sido suficiente para conter as depredações que têm acontecido em escala muito pequena. “Registramos uma pichação e um vidro quebrado, que consideramos incidentes normais”, disse ela.

A parceria que foi estabelecida com a nova Administração municipal, de Hélio de Oliveira Santos (PDT) foi elogiada por Carmem. De acordo com ela, diferentemente das quedas-de-braço freqüentes com o governo da ex-prefeita Izalene Tiene (PT), os tratos têm sido cumpridos por parte da Prefeitura. “Inclusive, o prefeito solicitou do representante do Município no Parque, um relatório sobre as necessidades da área. Uma das coisas que ele reivindicou é um funcionário para a manutenção geral, que efetue trocas de vidros quebrados rapidamente, pinturas de emergência. Isso ajuda na segurança também.”

O funcionário, segundo a diretora, melhoria ainda mais a manutenção, que é de responsabilidade do Município, de acordo com o convênio assinado no ano passado com o governo do Estado. “Melhoraria mais, porque do jeito que está já é satisfatória e todas as decisões que precisam ser tomadas em conjunto têm saído. Inclusive, o acordo do patrulhamento regular pela GM”, exemplificou Carmem.

O custo estimado no ano passado para a manutenção do parque era de R$ 2,5 milhões anuais. A Prefeitura arcaria com R$ 1,1 milhão e o Estado, com R$ 837 mil. No entanto, a Petrobras, por três anos, colaboraria com parcelas de R$ 600 mil. Nenhuma parcela, segundo Carmem, foi liberada até agora. “Nem a do ano passado, nem a desse. Eles dizem que apenas problemas burocráticos estão emperrando.” Contatada pela reportagem, a empresa não deu retorno até o fechamento desta edição.

A gestão do parque, compartilhada pelas duas instâncias de governo, também conta com um Conselho de Administração com nove membros, representantes do Estado e do Município, do Conselho Municipal de Meio Ambiente (Comdema), do Conselho de Defesa do Patrimônio Artístico e Cultural de Campinas (Condepacc) e de entidades que desenvolvem atividades na área.

Paisagismo só estará completo em dois anos

A diretora do Parque Ecológico Monsenhor Emílio José Salim, Carmem Elias, disse que, entre todos os projetos prometidos para a revitalização da área, o único que ainda levará cerca de dois anos para ser entregue à população é a complementação do projeto paisagístico concebido por Roberto Burle Marx. “Isso leva tempo, depende das estações. Por exemplo, agora, nessa época, não dá para plantar. É preciso esperar a chuva”, ponderou.

A implantação do projeto paisagístico de Burle Marx precisará ocorrer em praticamente sua totalidade. O plano previa o plantio de cerca de 185 mil mudas (entre elas, 9.263 mudas de árvores e palmeiras, 48.443 arbustos, 231 trepadeiras, 109.383 de forrageiras e 10.541 mudas de plantas aquáticas). Até agora foram plantadas apenas 3 mil mudas de árvores e mil de palmeiras.

O projeto de Burle Marx foi elaborado em 1989 para a totalidade da área do parque, prevendo mudas de 200 espécies. Nesse projeto, os jardins do casarão receberão um tratamento diferenciado tanto por constituir área envoltória de patrimônio tombado, como por sua localização privilegiada, formando, com o complexo arquitetônico, um dos mais belos locais.