Reabertura de cripta de d. Pedro atrai curiosos

O Estado de São Paulo - Sexta-feira, dia 8 de setembro de 2006

sex, 08/09/2006 - 11h07 | Do Portal do Governo

Visitar o imperador na Capela Imperial, fechada há dois anos, virou a atração de quem foi ao parque ontem

Sérgio Duran

A novidade do 7 de Setembro no simbólico bairro do Ipiranga, zona sul, foram três túmulos. Após dois anos de reforma por problemas de infiltração, foi reaberta a cripta onde estão os restos mortais de d. Pedro I (1798-1834), Maria Leopoldina (1797-1826), a primeira mulher do imperador, e Amélia de Beauharnais (1831-1876), a segunda. Não há catracas ou controle na cripta, mas os seguranças estimam que 10 mil pessoas passaram ontem pelo local.

“Estou duvidando que aquilo é um caixão. Vou ver de perto”, disse a enfermeira Selma Costa, de 32 anos, ao entrar na cripta com o namorado, o vendedor João Paulo dos Santos, de 26. “E aquela, quem é?”, questionou sobre Leopoldina. A julgar pela falta de informação dentro da cripta, a dúvida de Selma é natural. Até sobre o nome do local, que, na verdade, não é um túmulo e sim um templo. Chama-se Capela Imperial.

Não sabê-lo também pode ser considerado normal. Afinal, todos chamam de Museu do Ipiranga o que é, na verdade, Museu Paulista, e o local onde está localizado também tem nome que poucos conhecem. Chama-se Parque Independência. O museu é apenas um dos vários atrativos, que incluem a Casa do Grito e os jardins franceses.

“Vou tirar uma foto aqui com a Havanir e depois vou ver o caixão”, disse a dona de casa Maria Ribeiro, de 27 anos, acompanhada dos três filhos. Ela estava na fila para ser fotografada ao lado da candidata Havanir Nimitz, de 53, que aproveitou a movimentação intensa para fazer um corpo-a-corpo. Homens-sanduíche e outros tipos de cabo eleitoral faziam festa paralela ontem no parque.

No museu, fila permanente de cerca de 100 pessoas na porta. Ontem, a entrada era franca. Em dias comuns, custa R$ 2. Às 17 horas, a catraca havia registrado 9,3 mil visitantes, movimento aquém do registrado ano passado, de 14 mil. “Geralmente, quando é de graça, o público aumenta muito”, explicou a diretora de difusão cultural do museu, Miyoko Makino.

FOTO E VÍDEO

Quem olhava a cripta de cima, só enxergava a luz de celulares com câmeras de foto e vídeo. “Pena que é muito escuro”, reclamou o estudante Silvio Stefane, de 21. A paredes do local onde estão os restos mortais são revestidas de mármore preto do teto ao chão. “Não conhecia essa parte da história, nem sabia que eles estavam aqui. É curioso”, disse o estudante.

Buscar informação sobre a vida dos cadáveres ilustres era missão impossível na capela. Não há monitores e as duas placas dispostas no local falam da Independência e não dos personagens. De d. Pedro I e Maria Leopoldina, poucos sabiam dizer quem eram realmente. Na dúvida, o operador Gabriel Alberto de Souza, de 23 anos, arriscou: “É o que declarou a independência.” E Maria Leopoldina? “A mulher dele.” E Amélia de Beauharnais? Aí, a resposta vinha sempre em forma de pergunta: “Quem?”