Quadrilha do PCC é presa com arsenal de guerra

Jornal da Tarde - Sexta-feira, 2 de julho de 2004

sex, 02/07/2004 - 9h38 | Do Portal do Governo

A polícia surpreendeu 15 pessoas com granadas, fuzis e metralhadoras. Elas iriam resgatar Jorge de Souza, seqüestrador do Comando Vermelho preso na penitenciária de Franco Rocha há dois meses

RITA MAGALHÃES

O Departamento de Investigações sobre o Crime Organizado (Deic) desmontou ontem uma operação de guerra – com 15 pessoas armadas com cinco submetralhadoras, cinco fuzis, seis pistolas automáticas, dois revólveres e três granadas – preparada para resgatar o seqüestrador Jorge de Souza, 45 anos, o Carioca, preso desde 21 de maio na Penitenciária Nilton Silva de Franco da Rocha.

A tensa ação policial acabou com 11 pessoas presas, entre elas uma mulher, e a apreensão das armas e de três carros. Houve troca de tiros com os criminosos – um deles morreu com dois tiros de fuzil e outro foi ferido nas mãos e nas costas com disparos de pistolas. Dois policiais da Delegacia de Roubo só não morreram atingidos por disparos de fuzil AK-47 porque o criminoso, pego de surpresa, não conseguiu mirar corretamente.

O resgate, planejado para as 14h de ontem, foi frustrado graças às interceptações feitas pela Delegacia de Roubo a Banco em telefones de integrantes do Primeiro Comando da Capital PCC. Segundo o delegado Ruy Ferraz Fontes, foi na última terça-feira que as conversas sobre o plano de invasão da prisão começaram a ser escutadas.

Ontem de manhã, sete investigadores foram para a base da quadrilha – uma casa desocupada na Rua Paris, numa favela atrás do Hospital Municipal de Francisco Morato. Naquele momento, o objetivo era apenas fazer levantamento do local e monitorar a quadrilha.

Quando chegaram à base, porém, os policiais viram um Vectra Branco com um homem e duas garotas saindo do local. Esses três criminosos acabaram fugindo. Percebendo que o bando se preparava para deixar a casa, os policiais cercaram o local para prender os criminosos.

Assim que dois investigadores invadiram a sala da casa, encontraram os homens armados de metralhadoras e fuzis – alguns deles com coletes à prova de balas. Um dos bandidos, escondido atrás da porta, disparou, quase à queima-roupa, contra um dos policiais, que reagiu e matou o bandido com dois tiros também de fuzil.

Enquanto isso, do lado de fora, um bandido tentou escapar pulando o muro, mas foi localizado com a ajuda do helicóptero Pelicano. Esse criminoso também disparou contra outro, investigador que estava sobre a laje e que acabou atingido por um tiro de raspão.

A elaboração meticulosa do plano e o potencial da quadrilha surpreenderam a polícia. Vestido de terno e com uma carteirinha falsa de advogado, um dos integrantes do bando entraria na prisão para facilitar a tomada do local pelos outros 11. Três mulheres dariam apoio na direção de três carros que seriam usados na fuga.

A polícia obteve informações de que dentro da penitenciária haveria outras cinco pistolas, que seriam usadas para render os agentes penitenciários. ‘A meta era tomar a cadeia de assalto para fazer sair o maior número de presos’, disse um dos policiais que participou das investigações. Com capacidade para 852 presos, a Penitenciária 2 de Franco da Rocha abrigava ontem à tarde 1.279 homens.