Projetos de TI com apoio da Fapesp e Microsoft

No total, os selecionados receberão US$ 500 mil e assistência tecnológica. Criado em 2007, convênio já destinou R$ 3,5 milhões a projetos inovadores

sex, 04/12/2009 - 8h01 | Do Portal do Governo

A Microsoft e a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) anunciaram nesta semana que financiarão mais quatro projetos voltados para inovação. As propostas foram selecionadas na terceira chamada do Instituto Microsoft Research-Fapesp de Pesquisa em TI. Os projetos propõem o uso de técnicas computacionais para gestão de grandes volumes de dados relacionados a mudanças climáticas, sistemas de informação biológica e produção de bionenergia.

Somadas, as iniciativas receberão US$ 500 mil, além do apoio tecnológico da Microsoft. Um dos projetos selecionados pela chamada é coordenado por Ricardo Vêncio, professor da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (FMRP-USP). Ele dá uma ideia da inovação e da complexidade das iniciativas que receberão apoio. A proposta é desenvolver métodos para atribuir potenciais funções a genes da cana-de-açúcar com funções desconhecidas. Para isso, serão usadas anotação probabilística e inteligência artificial.

Segundo Vêncio, um programa de computador será criado para ajudar a estimar a provável função dos genes. Os resultados serão usados para melhorar o cultivo da planta para produção de biomassa. Outro projeto, coordenado pelo pesquisador Celso Von Randow, do Centro de Ciência do Sistema Terrestre do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), propõe o desenvolvimento de um método de monitoramento ambiental.

A intenção é coletar dados sobre as interações entre a biosfera e a superfície terrestre, que tem um papel central no sistema climático do planeta. Para isso, serão instalados mais de mil sensores na região amazônica. Essa rede terá capacidade de fazer medições freqüentes de temperatura e umidade do ar, que ajudarão a compreender o escoamento de ar na floresta e as trocas de energia e massa. Um programa será desenvolvido para integrar as informações obtidas em diversas torres em áreas florestais e distribuir dados para os pesquisadores interessados.

Padrão do clima 

As mudanças climáticas são o foco de outro projeto selecionado, coordenado pela professora Agma Juci Traina, do Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação da Universidade de São Paulo (ICM-USP). A intenção é desenvolver métodos de mineração de dados – técnica utilizada para localizar padrões em grandes quantidades de informação – para apoiar pesquisas em mudanças na temperatura do planeta e, principalmente, o impacto do fenômeno na agricultura. Segundo a acadêmica, há hoje um grande volume de dados produzidos por estações meteorológicas, sensores, satélites e radares.Para lidar com eles, serão utilizados métodos como a teoria de fractais.

O último projeto visa modernizar o Sistema de Informação Ambiental (SinBiota) do Programa de Pesquisas em Caracterização, Conservação e Uso Sustentável da Biodiversidade do Estado de São Paulo (Biota-Fapesp). Com isso, o sistema ganhará novos modelos e ferramentas computacionais. Segundo Carlos Alfredo Joly, professor do Instituto de Biologia da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e coordenador do Biota-Fapesp, a intenção é criar um SinBiota 2.0, isto é, uma espécie de comunidade virtual de pesquisadores, educadores e formuladores de políticas ambientais. Hoje, o SinBiota funciona como um banco de dados sobre biodiversidade.

Parceria

Estabelecido em 2007, o convênio entre a Microsoft e a Fapesp já destinou R$ 3,5 milhões a 11 projetos. “Inovação não é só uma ideia. Ela depende de muita base teórica, ensaios, testes, comprovações e evidências. A inovação está intimamente ligada à pesquisa”, disse o diretor de inovação e novas tecnologias da Microsoft Brasil, Paulo Iudicibus.

Tecnologia para lidar com o excesso de dados

Durante o evento para a apresentação dos projetos selecionados pela terceira chamada do Instituto Microsoft Research-Fapesp de Pesquisa em TI, realizado em São Paulo, o diretor da Microsoft Research nos Estados Unidos, Jaime Puente, explicou um dos paradigmas que orientam os trabalhos da entidade. Recorrendo às idéias do renomado cientista da computação Jim Gray, Puente destacou que a pesquisa científica lida atualmente com a exploração de quantidades imensas de dados. Segundo ele, no passado o conhecimento era experimental e baseado na observação de fenômenos naturais. Já nos últimos séculos, os pesquisadores buscaram acomodar as informações coletadas em equações. Nas décadas recentes, o surgimento da informática permitiu a simulação de fenômenos complexos.

Agora, a inovação está baseada em um quarto paradigma, que exige ferramentas capazes de lidar com a enormidade de dados disponíveis. “A pesquisa hoje necessita de novas técnicas, como a mineração de dados. A Microsoft quer adaptar sua experiência em negócios e levá-la até a investigação acadêmica”, disse. Atualmente, a companhia investe US$ 9,5 bilhões em pesquisa e desenvolvimento, mas não revela o quanto é destinado à Microsoft Research. Na ocasião, o presidente da Fapesp, Celso Lafer, destacou o aspecto internacional da parceria. “Ela representa um apoio relevante à pesquisa de classe mundial em tecnologias da informação”, disse.