Projeto prevê 5 rotas de transporte aquaviário

A Tribuna - Santos - Sexta-feira, 16 de julho de 2004

sex, 16/07/2004 - 8h47 | Do Portal do Governo

Nilson Regalado, da Sucursal

O gerente de Travessias da Dersa, Ricardo Goulart, apresentou, ontem, os estudos preliminares que prevêem a implantação de cinco linhas intermunicipais para transporte de passageiros por meio de barcos.

As cinco rotas atenderiam as cidades de Santos, São Vicente, Guarujá, Cubatão e Bertioga. Porém, segundo Goulart, para que o serviço seja implantado, de fato, é preciso que os prefeitos da região demonstrem interesse pelo projeto. A proposta será encaminhada ao Conselho de Desenvolvimento da Baixada Santista (Condesb).

Para os usuários, a alternativa aquaviária representaria uma economia de até 50% no gasto mensal com o transporte intermunicipal porque, na maioria dos casos, a viagem de barco levaria o passageiro direto ao seu destino, evitando que ele tenha que pegar mais um ônibus para chegar ao local desejado, como acontece hoje.

É justamente esse o ponto que pode emperrar o projeto, porque ele fere interesses das empresas de transporte coletivo que servem as cidades da Baixada Santista. O gerente de Travessias da Dersa aponta ainda, como vantagem, a virtual redução no nível de poluentes no ar, a partir da queda na emissão do monóxido de carbono que sai do escapamento dos ônibus.

Na avaliação de Goulart, dos cinco projetos, o que atenderia o maior contingente de passageiros seria a ligação por barcos entre o Distrito de Vicente de Carvalho, em Guarujá, e a Ponta da Praia, em Santos. A estimativa é que essa linha transportaria, de imediato, pelo menos três mil passageiros por dia, com possibilidade de crescimento na demanda.

Essa rota também seria a de mais fácil implantação porque as estações de embarque e desembarque já estão prontas, tanto em Vicente de Carvalho quanto no atracadouro das balsas, em Santos. ‘‘Seria útil para muita gente. Várias pessoas que foram entrevistadas pela Dersa demonstraram grande interesse’’, salienta o gerente de Travessias.

Distâncias menores

Outra vantagem do transporte aquaviário em relação aos ônibus é que, pelo Estuário, as distâncias entre um ponto e outro são até 98% mais curtas do que por via terrestre.

‘‘Temos um potencial enorme de hidrovias que não está sendo explorado. Os países do primeiro mundo transportam tudo o que podem por hidrovias porque elas não poluem, são mais baratas e podem gerar muitos empregos’’.

Um dos entraves para a implantação do projeto na região, segundo Goulart, depende de uma decisão da Diretoria de Portos e Costas, do Ministério dos Transportes para ser eliminado. É que a velocidade permitida para os barcos é de seis nós, quando o ideal seria de pelo menos 16 nós. ‘‘Isso iria proporcionar mais conforto e celeridade ao transporte’’.

Os cinco projetos elaborados pela Dersa foram apresentados na manhã de ontem, durante o 1º Fórum de Transporte Aquaviário do Litoral Paulista, realizado no Delphin Hotel, em Guarujá.

Havia a expectativa da participação de quatro secretários de Estado no evento. Porém, os titulares das pastas de Economia e Planejamento, Andréa Calabi; Ciência, Tecnologia, Desenvolvimento Econômico e Turismo, João Carlos de Souza Meireles; Transportes, Dario Rais Lopes; e Transportes Metropolitanos, Jurandir Fernandes, não compareceram, enviando representantes.

Terminal em Santos facilitaria integração

O projeto de transporte aquaviário prevê, numa segunda etapa, a interligação de quatro das cinco rotas a partir do terminal de passageiros existente na Praça da República, em Santos. Ou seja: seria possível viajar de barco desde a Ponta da Praia até Cubatão, com escalas em Vicente de Carvalho, na Praça da República e no Valongo, em Santos, e chegada nas proximidades da Cosipa.

O melhor é que o usuário iria pagar uma única tarifa integrada, num processo semelhante ao que acontece no Terminal de Ônibus do Valongo, em Santos, ou nos terminais de ônibus de Praia Grande.

A partir da Ponta da Praia, também seria possível atingir o Bairro do Caruara, na área continental de Santos; a Cachoeirinha, em Guarujá; e o Centro de Bertioga. Nesse caso, seria preciso trocar de barca na Praça da República.

‘‘Estamos mostrando a viabilidade do projeto. Essa é uma oportunidade para que os prefeitos confirmem se querem, realmente, implantar esse sistema. Podemos pegar todo esse bloco e tentar resolver em conjunto. Assim, a proposta teria muito mais força do que isoladamente’’, salienta Goulart.

Segundo o gerente de Travessias da Dersa, até agora, apenas a Prefeitura de Santos e a Associação dos Moradores de Caruara formalizaram um pedido visando a criação de uma linha capaz de interligar a área continental à sede do Município.

De barco, os santistas não teriam de cruzar as cidades de Cubatão ou Guarujá para se locomover entre a Ilha e o Continente. Hoje, para atingir o Caruara, é necessário utilizar as rodovias Cônego Domênico Rangoni e Rio-Santos. Por terra, o trajeto tem cerca de 40 quilômetros. Pelo mar, o percurso não chega a quatro quilômetros.
São Vicente

A única travessia que não estaria integrada à Praça da República seria a ligação entre a Área Continental de São Vicente e o Mar Pequeno, num percurso de quatro quilômetros que, por terra, é feito em 15 quilômetros. A idéia é navegar pelo Rio Mariana, permitindo o embarque e desembarque de passageiros no Humaitá e nas proximidades da Ponte Pênsil.