Projeto leva música aos passageiros do trem

O Estado de S. Paulo - 5/9/2003

sex, 05/09/2003 - 9h11 | Do Portal do Governo

Grupo apresentou canções de Adoniran Barbosa dentro de vagões

Por Camila Haddad


O Estado de S. Paulo – Sexta-feira, 5 de setembro de 2003

Na percussão e voz, Tuta; na flauta, Pratinha; no violão, Yuri; e na interpretação, Ayrton Salvanini, como o saudoso Adoniran Barbosa. Ontem, o quarteto levou os passageiros do Expresso Leste da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) a uma viagem ao passado quando ‘invadiu’ três vagões de Guaianases, com destino à Estação Brás.

Com uma gravata borboleta vermelha, chapéu e esbanjando sorrisos, Salvanini, vestido de Adoniran, arrancou aplausos do advogado Uilson Souza Bonfin, de 50 anos, sentado em um dos bancos do trem. Ele seguia para o Brooklin, na zona sul da cidade, e aproveitou para cantar sua música predileta: o clássico Trem das Onze. ‘Adoro lembrar aquela época. Me faz muito bem.’

Ao lado do neto, a dona de casa Nilzete Guimarães dos Santos, de 60 anos, que usa todos os dias o trem, ficou espantada e disse nunca ter visto nada parecido. ‘Música por aqui? E sucessos de Adoniran?’, perguntava. ‘Isso é ótimo para dar uma relaxada.’

Apesar de muitos jovens não conhecerem algumas das canções, como Saudosa Maloca e Samba do Arnesto, não deixaram de tentar acompanhar os sucessos e aplaudir. Jorge Rodrigo, de 17 anos, garantiu conhecer Adoniran. ‘Achei muito legal o grupo.’ A advogada Laísa Luiz, de 48 anos, concordou. ‘Essas apresentações podiam ocorrer sempre. Faz falta para quem usa o trem todo o dia.’

O espetáculo foi realizado ontem pela primeira vez e durou cerca de uma hora. ‘Sempre trazemos cantores ou dançarinos, mas as apresentações são somente nas plataformas’, explicou o assessor cultural da CPTM, Assis Ângelo. Segundo ele, a idéia é proporcionar animação nas 92 estações. Mas, para isso, é preciso fazer parcerias ou artistas que aceitem tocar ou dançar gratuitamente.

Autógrafos – Quando o grupo chegou à Estação Brás, fez uma apresentação do musical para os passageiros que estavam no local. Após o encerramento da apresentação, os fãs de Adoniran, que morreu em 1982, puderam comprar livros durante a segunda edição do projeto O Autor na Estação, com a presença dos autores André Nigri, jornalista do Jornal da Tarde, e do compositor Ayrton Mugnaini Junior, que autografaram Adoniran, Se o Senhor Não tá Lembrado e Adoniran, dá licença de contar.

Ontem, o grupo que esteve no trem ainda se apresentou no Café Fubá, na Rua Ouvidor Portugal, na Vila Monumento.

O projeto O Autor na Estação foi inspirado em O Autor da Praça, iniciativa que tem o mesmo objetivo, mas é realizada na Feira de Artes da Praça Benedito Calixto, na zona oeste da capital.