Projeto leva interatividade a aulas de física

Folha de S. Paulo - Sexta-feira, 12 de março de 2004

sex, 12/03/2004 - 8h56 | Do Portal do Governo

Da Reportagem Local

Um helicóptero, transportando uma mala de documentos secretos, atravessa uma turbulência e tem sua porta aberta. Ao tentar segurar a mala, o co-piloto se desequilibra e cai de uma altura de 300 metros.

Isso não é uma sinopse de filme. Trata-se de um roteiro criado por um grupo de alunos do ensino médio da Escola Estadual Professor Ascendino Reis, no Tatuapé (zona leste de São Paulo), para ilustrar um problema de física na área da cinemática – parte da mecânica que estuda os movimentos.

O projeto está sendo feito por meio de uma parceria entre a Secretaria da Educação do Estado e o LabVirt (Laboratório Didático Virtual), da USP, com o apoio da iniciativa privada. No ano passado, houve a participação de dez escolas estaduais. Neste ano, a idéia é envolver outras cem escolas de ensino médio.

Nas escolas, os alunos criam e roteirizam situações-problema que envolvam tópicos curriculares. Na USP, estudantes de várias faculdades transformam os roteiros em simulações interativas para a internet. O conteúdo é de domínio público.

Segundo César Augusto Amaral Nunes, coordenador do LabVirt, a partir deste ano o projeto vai abranger também química, matemática e biologia. ‘Os alunos aprendem colocando a física em situações do dia-a-dia. Ele são motivados a pensar e a criar e a não receber, passivos, as informações do professor’, diz.

Roteiros

Na Escola Estadual Laerte Ramos de Carvalho, em Cidade Dutra, zona sul de São Paulo, os alunos criaram e roteirizaram 26 simulações para as aulas de física, sendo que oito delas foram divulgadas no site do LabVirt.

Algumas são bem curiosas. Um grupo de alunos, por exemplo, mostrou a relação da física com as crises de epilepsia – causada em razão de um distúrbio das descargas elétricas no cérebro. Outro mostrou a energia que é gasta no deslocamento do metrô entre as estações Jabaquara e Conceição.

De acordo com a professora de física Solange Fonseca Santos Andrade, 40, que coordenou o trabalho na escola, além de ser uma ótima estratégia para melhorar o ensino da física, a criação de simulações leva os alunos a circularem por outras áreas do conhecimento, como a biologia e a língua portuguesa. (CC)

LabVirt – http://www.labvirt.futuro.usp.br