Projeto facilitará acesso de deficientes ao Villa-Lobos

O Estado de S. Paulo - Segunda-feira, 3 de maio de 2004

seg, 03/05/2004 - 9h13 | Do Portal do Governo

Parceria entre o Projeto Pomar e o parque promoverá adaptações no local

Com um pouco de dificuldade, o mineiro Sílvio José Rodrigues, de 38 anos, deficiente visual, se locomove com a ajuda de uma bengala e utiliza os outros sentidos para saber onde dar o próximo passo. Apesar dos obstáculos que encontra pela frente, não desanima. Deparando-se com cestos de lixo, orelhões, bebedouros e árvores, ele e outros três deficientes visuais da Fundação Dorina Nowill para Cegos visitaram na sexta-feira o Parque Villa-Lobos, em Pinheiros, zona oeste. O passeio foi realizado para que eles opinassem sobre o projeto que tornará, até junho, o espaço acessível aos portadores de deficiência.

As adequações no parque só foram possíveis por meio de uma parceria entre o Villa-Lobos e o Projeto Pomar, iniciativa do Jornal da Tarde em conjunto com as Secretarias Estadual de Meio Ambiente e Municipal de Subprefeituras.

Rodrigues, que perdeu a visão há nove anos, quando teve a vista perfurada por um assaltante, acredita que os portadores de deficiência terão agora opções de lazer. ‘Hoje não temos um parque onde é possível andar até a quadra, sentar debaixo de uma árvore e aproveitar a natureza’, lamenta o mineiro, que há dois anos mudou-se para a capital em busca de tratamento especializado.

A professora de orientação e mobilidade da fundação, Maria Cecília Lara de Toledo, diz que na entidade os deficientes visuais são ensinados a andar com a bengala e a usar toda a sinalização tátil, mas não têm onde aplicar o aprendizado. ‘É como uma criança ganhar uma bicicleta e morar num prédio onde não tem onde andar.’

A arquiteta do Pomar, Ana Lúcia Burjato, ouviu as sugestões e dificuldades dos deficientes para incluí-las no projeto. ‘Não adianta eu seguir todas as normas de sinalização se não ouvi-los’, disse. ‘Eles sabem o que é melhor para identificar, por exemplo, um bebedouro: se é um piso diferenciado ou leitura em braile’, comentou.

Segundo ela, a intenção, é permitir que os deficientes sejam incluídos na sociedade e estejam aptos a se locomoverem sozinhos desde o momento que entram no parque e até encontrarem as atrações e chegarem a elas. A instalação de sinalizadores para identificar obstáculos e o caminho, para deficientes visuais, e rampas e corrimões, para ajudar quem tem dificuldade para andar, são algumas das medidas que serão adotadas. A acessibilidade aos portadores de deficiência está incluída no projeto de revitalização do parque, que é financiado pelo governo estadual e pela Comgás. (G.B.)