Projeto de trem-bala SP-Rio ganha ramal até Campinas

O Estado de S.Paulo - Quinta-feira, 29 de novembro de 2007

qui, 29/11/2007 - 12h50 | Do Portal do Governo

O Estado de S.Paulo

Para atrair o interesse da iniciativa privada ao projeto do trem-bala entre São Paulo e Rio de Janeiro será proposta a inclusão de ramal entre Campinas e a capital paulista, além da diminuição da velocidade da ferrovia expressa. O pré-estudo sobre a ligação ferroviária por trem de alta velocidade (TAV) entre as cidades de São Paulo e Rio prevê velocidade de 180 km/h, contra os 300 km/hprevistos em projeto de empresa italiana para o trem-bala.

Em velocidade menor, a duração da viagem subiria para duas horas e meia, contra os 90 minutos da composição mais rápida. O projeto do trem deve custar 40% menos que os US$ 9 bilhões da proposta italiana, que prevê apenas dinheiro da iniciativa privada. Estudo da União Internacional de Ferrovias mostra que uma viagem de trem com duas horas e meia de duração é capaz de tirar 80% da demanda aérea no mesmo trecho.

Segundo o Estado apurou, o governo paulista não acredita na viabilidade da proposta italiana, que não prevê recursos do governo federal. “São Paulo sempre desconfiou desse projeto, porque não existe em lugar nenhum do mundo ampliação da infra-estrutura de transporte sem a iniciativa pública”, disse uma fonte.

O objetivo é iniciar a obra após a conclusão do Expresso Aeroporto, prevista para 2010. Protocolo de intenções entre os governos paulista e fluminense e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), estatal que financiará a obra, será assinado hoje no Rio. Vai ser criado um grupo de trabalho para preparar o estudo que baseará o edital da obra. A direção do BNDES também teria dúvida sobre a viabilidade do projeto italiano.

Em agosto, durante reunião entre Serra e o governador do Rio, Sérgio Cabral, no Palácio dos Bandeirantes, o governador paulista disse: “É preciso ter volume de demanda e paradas no meio do percurso. Isso reduz a velocidade. Talvez devemos ter um trem ?meia-bala?.” Cabral também defendeu o uso da mesma linha para abrigar uma composição sem paradas e outra com partidas a cada 20 minutos depois do trem-bala, que poderia parar em estações no meio do caminho.

O novo trajeto teria o formato de uma letra V, com a perna esquerda menor. Há a possibilidade ainda de haver uma parada na cidade de Jundiaí. Já o ramal entre São Paulo e Rio pode ter paradas em São Josédos Campos, no Vale do Paraíba, e em Resende ou Volta Redonda, no Estado do Rio. Por enquanto não se revela qual é a demanda de passageiros que o trem ?meia-bala? poderá ter.

O estudo sobre o ramal de Campinas, que teria 92 quilômetrose poderia ser percorrido em 50 minutos, a um custo de R$ 2,7 bilhões, ainda deve incluir um acesso ao Aeroporto de Viracopos. Mas será preciso avaliar a viabilidade de ter transporte de carga e de passageiros na mesma linha.

Outra alternativa para viabilizar o TAV São Paulo-Rio seria usar o ramal do Expresso Aeroporto, entre a capital e o Aeroporto de Cumbica, em Guarulhos, na chegada a São Paulo. “Como o Expresso Aeroporto está caminhando rápido, poderá ser usada a infra-estrutura dessa linha para o trem-bala. Seria usado o leito, mas com novos trilhos paralelos”, disse um integrante do alto escalão paulista. O edital para construção do Expresso Aeroporto deverá ser lançado em dezembro, segundo a Secretaria de Estado dos Transportes Metropolitanos.

No dia 14, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva mandou o BNDES estudar o projeto italiano. Em abril de 2005, um grupo de trabalho do governo federal, com representantes dos ministérios dos Transportes, Planejamento, da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), além de BNDES e da iniciativa privada, já havia avaliado três projetos para o trem-bala. As propostas analisadas eram da empresa alemã Transcorr RSC, da italiana Italplan e do consórcio Siemens/Odebrecht/Interglobal. O custo do primeiro era de US$ 7,2 bilhões; do segundo, US$ 9 bilhões; do terceiro, US$ 6,3 bilhões.