Programa de prevenção ao uso de drogas prepara 3.500 crianças de 29 colégios da zona leste

O Estado de S. Paulo - 8/1/2003

qua, 08/01/2003 - 9h36 | Do Portal do Governo

Entre as várias histórias que já ouviu desde que comanda o Programa Educacional de Resistência às Drogas e à Violência (Proerd) da Polícia Militar de São Paulo, a coronel Laudinéa Pessan de Oliveira se sensibilizou com a de dois irmãos que faziam aniversário no mesmo dia e como presente só pediram que o pai parasse de fumar. Dias antes, eles tinham tido palestras na escola sobre álcool, drogas e tabaco com policiais.

‘A gente passa para as crianças que elas podem ter uma vida boa e saudável sem drogas e devem discutir isso em casa ‘, diz a coronel. ‘Também procuramos trabalhar muito a parte de auto-estima e cidadania e mostrar que existem valores muito mais importantes do que o dinheiro.’

Acompanhados do pai, que prometeu deixar o cigarro, os dois irmãos estavam no dia 13 entre as 3.500 crianças de 29 colégios de ensino fundamental da zona leste formadas no programa. A cerimônia foi comandada pelo 8.º Batalhão de Polícia Militar e ocorreu no ginásio do Sport Club Corinthians Paulista, no Parque São Jorge, com a presença de autoridades e artistas.

As crianças participantes do Proerd estão, em sua maioria, na 4.ª série, mas a polícia pretende aumentar também a participação de alunos de 12 a 15 anos, até 6.ª série. Segundo a coronel, as estatísticas mostram que a média de idade com que as crianças se envolvem com drogas lícitas e ilícitas é de 11 a 12 anos. Na faixa de 10 a 12, 52% das crianças já experimentaram álcool.

‘O pré-início se dá entre 9 e 12, que é quando a criança começa a ter influência da mídia e de amigos e a influência do pai vai diminuindo.’

Desde 1993, quando foi adotado no Estado, numa parceria com o programa Drug Abuse Resistence Education, do Departamento de Polícia de Los Angeles (Estados Unidos), o Proerd formou mais de 1,3 milhão de crianças, de 3.100 escolas públicas e particulares, que seguem uma cartilha com 17 lições.

Os professores são sempre policiais selecionados e a coronel diz que muitos deles se envolvem tanto no projeto que choram fardados no dia da formatura.

‘O carinho da criança com o policial é muito grande: elas escrevem cartinhas, criam paródias’, destaca. ‘Para o próximo ano, queremos aumentar o número de alunos atendidos e fazer parcerias com empresas para cartilhas.’

Prevenção – O subchefe da Divisão de Programas Educacionais da PM, capitão Carlos Eduardo Righi, destaca que o objetivo do Proerd é preventivo, mas também há casos em que as crianças sentem confiança no policial e o procuram para relatar problemas que vivem.

‘Na sala de aula, nós buscamos fugir do academicismo da escola e criar um momento especial para o grupo por meio de dinâmicas e encenações teatrais’, explica o capitão. ‘Também já não falamos mais de abstinência, porque provavelmente a criança vai experimentar o álcool, o tabaco ou a droga ilícita um dia. Então tentamos retardar esse primeiro contato, porque, quanto mais cedo a criança experimentar a droga, maior probabilidade terá de se transformar em um viciado.’

(L.G.)