Professores superam a própria deficiência pelo prazer de dar aula

Jornal da Tarde - Segunda-feira, 15 de outubro de 2007

seg, 15/10/2007 - 14h56 | Do Portal do Governo

Jornal da Tarde

Se ser professor já não é uma tarefa das mais fáceis, aqueles docentes que têm alguma deficiência física têm de se superar a cada dia. E os seus problemas vão da acessibilidade à escola onde dão aulas ao preconceito que sofrem da própria classe. Mas se sentem vitoriosos e dizem que têm muito a comemorar neste 15 de outubro, dia dedicado a todos os professores.

Mesmo na cadeira de rodas, diariamente Nadir de Santana ensina Língua Portuguesa na Escola Estadual Dona Pilar Garcia Vidal, no Jardim Imperador. Aos 5 anos de idade, ela sofreu poliomielite e ficou paraplégica. Apesar de nascer em família pobre, seus pais sempre fizeram de tudo para a menina estudar. ‘Quando entrei na escola me apaixonei. Acabei fazendo faculdade de Letras e hoje sou professora de português e francês’, conta ela que, há 18 anos leciona na rede pública.

Para ela, o problema da inclusão do professor com deficiência está fora da sala de aula. ‘Os alunos estão sempre dispostos a ajudar, a dificuldade é conseguir entrar nas escolas’, conta. Opinião semelhante têm os professores Airton Gandolfi – de educação artística portador de deficiência no braço direito – e Helenita Fleury – de português com deficiência na perna esquerda – que dão aulas na Escola Estadual Bairro do Itaim, em Mairiporã. Para eles, o preconceito é maior da parte de outros professores e diretores de escolas.

Professor de artes plásticas e cego, Paulo Pitombo, conta que, certa vez, uma diretora disse que ele não seria capaz de ser professor. ‘Foi quando tive mais força para provar que tinha condições.’ Tanto fez que hoje é um dos professores mais queridos pelos alunos do colégio particular Santa Maria.

Alunos com o mesmo problema

Aos 64 anos e com deficiência visual, Yacopina Valdenini Resende dá aula para alunos com o mesmo problema que ela e adora o que faz. ‘Os alunos com deficiência visual estão inseridos nas salas comuns e, após as aulas normais, sou responsável por dar-lhes apoio’, conta.

Ela é cega desde os 19 anos, vítima de encefalite. ‘Fiquei em coma e quando voltei estava com o nervo óptico atrofiado.’ Três anos após o acidente, em 1968, ela voltou a estudar, aprendeu a linguagem braile e começou o magistério, com a intenção de trabalhar na educação de crianças cegas. ‘Como as exigências do mercado foram aumentando, cursei pedagogia e fiz especialização no ensino de deficiente visual em nível médio.

Hoje é a professora responsável pela Sala de Recurso, um espaço especial para alunos com deficiência visual na Escola Estadual André Ohl, na Vila Diva, Zona Leste. O mais importante é contribuir para que eles se tornem cidadãos com direitos e deveres como toda a sociedade.