Professores fazem greve equivocada

Jornal Destak -Terça-feira, 17 de junho de 2008

ter, 17/06/2008 - 15h04 | Do Portal do Governo

 

Jornal Destak

Fabio santos*

Se a Apeoesp, o sindicato dos professores, tivesse decretado uma greve em benefício da educação, teria todo meu apoio. Se o ponto central de suas reivindicações fosse aumento de salário, seria compreensível. Mas a paralisação iniciada ontem e anunciada com uma passeata que parou a avenida Paulista na sexta-feira tem como alvo principal um decreto do governador José Serra que favorece os alunos das escolas estaduais.

Basicamente, o decreto dificulta que professores sejam transferidos de uma escola para outra durante o ano letivo. A mudança de local de trabalho só poderá acontecer três anos após o ingresso na rede estadual. A norma só é válida para quem foi contratado depois de novembro de 2007. Os demais precisam esperar o fim das aulas para serem transferidos.

E por que criar tais restrições? Porque há abusos. Segundo a Secretaria de Educação, do quadro de 130 mil professores, 51 mil já pediram transferências neste ano – quase 40%. A Apeoesp não contestou ainda esse número. Mas exige que o decreto seja revogado. Em quem o sindicato está pensando? Nos alunos, que têm sempre de se adaptar a um novo professor? Na qualidade do ensino, cuja continuidade é prejudicada sempre que há mudanças? Não é o que parece.

O sindicato também é contra uma outra norma criada pelo decreto. De agora em diante, os professores contratados em caráter temporário têm de passar por um processo seletivo, que inclui uma prova. Ora, parece uma boa idéia. Considerando que se deseja melhorar a qualidade do ensino, nada melhor do que selecionar bem os que darão aulas, ainda que apenas por um período. Os professores efetivos já passam por um concurso. Por que os temporários não devem ser avaliados também?

O que parece evidente é que a educação não está em pauta nesta greve.

Podem-se fazer várias críticas à gestão do setor no Estado, a começar pela má qualidade do ensino. São Paulo, assim como o país, está longe de oferecer boas escolas e mesmo de remunerar os professores a contento. Mas, neste caso, o governo do Estado está certo.

É preciso saber em que se devem concentrar os esforços. O objetivo é dar aos alunos a melhor educação possível. A melhoria das condições de trabalho dos professores só é válida se tiver vinculada a isso. Às vezes, porém, como neste caso, o que interessa aos mestres não é o melhor aos estudantes. E aqueles têm de saber para que existem.