Professor terá ajuda para comprar computador

O Estado de S. Paulo - 31/5/2002

sex, 31/05/2002 - 10h50 | Do Portal do Governo

Projeto da Secretaria da Educação prevê subsídio, financiamento e preço de custo

A professora de geografia Maria Senna, há 22 anos na rede estadual de ensino, não tem condições financeiras para comprar um computador. Os trabalhos que precisa levar aos alunos, ela às vezes tem de preparar na casa de colegas. Insatisfeita com o salário de R$ 1.200 para dar aulas em duas escolas, pela manhã e à noite, Maria reluta em acreditar numa ajuda da Secretaria da Educação. Apesar disso, o secretário Gabriel Chalita garante que já em agosto o governo começará a financiar a compra de computadores pessoais para professores do Estado. ‘Se acontecer mesmo, quero ser a primeira da fila’, diz Maria.

O projeto ainda não está finalizado. Falta apenas fechar o acordo com a empresa que está sendo contactada para vender os computadores a preço de custo para o governo. Mas o dinheiro que será utilizado – entre R$ 20 e R$ 30 milhões – já está na Secretaria da Educação à espera do fechamento do negócio. ‘O Estado vai pagar mais de 50% e o restante será financiado pelo professor’, explica Chalita. Segundo ele, vão sobrar entre R$ 200 e R$ 300, que seriam descontados do próprio salário do trabalhador.

‘Se tiver computador em casa vou poder pesquisar coisas novas, saber mais dos conflitos mundiais’, diz a professora Maria, de 59 anos. Além disso, ela acha que poderia aprimorar suas habilidades para operar a máquina. ‘Hoje, preciso sempre pedir ajuda a alguém. Na minha casa, teria mais tempo para aprender.’

Maria faz parte da esmagadora maioria da população brasileira que não possui computador pessoal. Segundo o Censo 2000, 17,4 milhões de pessoas (cerca de 10% do total) declararam ter em seu domicílio esse bem de consumo.

O programa da secretaria poderia incrementar esse número em, no máximo, 100 mil brasileiros. Isso porque, segundo Chalita, a empresa parceira venderia o computador por cerca de R$ 600. O Estado pagaria então por volta de R$ 300 para cada máquina. Com a verba máxima de R$ 30 milhões, o subsídio atingiria pouco menos da metade do total de professores da rede estadual de ensino.

Eles são hoje 230 mil.

Laboratórios

Quem ficar de fora do programa de financiamento continuará pedindo emprestado para colegas ou usando computadores das próprias escolas para preparar trabalhos ou para se atualizar. No Estado de São Paulo existem 2.931 laboratórios de informática para alunos de 5.ª a 8.ª séries, em um investimento de R$ 100 milhões, que inclui a capacitação de 150 mil professores. Além disso, o governo federal investiu, de 1997 até 2001, R$ 150 milhões por meio do Programa Nacional de Informática na Educação (Proinfo) para colocar computadores em escolas públicas. Até junho deste ano, 43.785 computadores terão sido instalados em 4.407 escolas do País, o que equivale a apenas 7% do total.

Renata Cafardo
(Colaborou Marcos de Moura e Souza)