Procuram-se novos Scheidts e Torbens

O Estado de S. Paulo - São Paulo - Quinta-feira, 30 de setembro de 2004

qui, 30/09/2004 - 10h22 | Do Portal do Governo

Crianças de escolas públicas terão aulas gratuitas de vela, remo e canoagem na Billings

LUÍS FERNANDO TINOCO

A partir de segunda-feira, 40 alunos do colégio estadual Antônio Caputo, em São Bernardo do Campo, terão aulas gratuitas de vela, remo e canoagem duas vezes por semana. O curso, promovido pelo projeto Navega São Paulo, do governo estadual, vai durar seis meses e, se aprovados, os aprendizes receberão carteirinha de velejador amador. Trata-se de uma escolinha para crianças iniciantes, que provavelmente jamais descobririam os esportes náuticos. A aposta é, além de enriquecer a grade curricular da escola pública, formar os atletas que vão continuar a tradição do País na vela e, quem sabe, reforçar o desempenho olímpico brasileiro no remo e na canoagem.

‘O objetivo do Navega São Paulo é a ação social por meio do esporte. Formar competidores é conseqüência. As escolinhas também fazem o esporte de competição crescer. Em pouco tempo, já tivemos resposta’, diz Lars Grael, ex-velejador, medalhista olímpico e atual secretário estadual da Juventude, Esporte e Lazer de São Paulo.

Os alunos do Antônio Caputo vão freqüentar o núcleo do projeto, inaugurado na segunda-feira, no Parque Estoril, à beira da Represa Billings. Antes dele, outros dois núcleos, na Praia Grande e em Presidente Epitácio, foram abertos no final de 2003. Cada um recebe 160 alunos por semestre e alguns velejadores e remadores mirins já participaram de competições nacionais com bons resultados. Velejadores do núcleo da Praia Grande, por exemplo, se destacaram em provas dos últimos Campeonatos Brasileiro e Paulista.

O núcleo de São Bernardo, primeiro da Grande São Paulo, nasceu com o patrocínio da Sabesp, que quer revitalizar o turismo náutico na Billings, represa que abastece cerca de 4 milhões de moradores da capital e dos arredores.

Na inauguração do núcleo, o secretário não resistiu ao tempo bom e, cumprido o protocolo, vestiu short e camiseta e foi velejar. Escolheu como parceira a estudante Bruna Cristina Vieira, de 14 anos, integrante da primeira turma do núcleo. ‘Nunca tinha velejado. Achei divertido, gostei muito’, disse Bruna, depois do passeio de meia hora. ‘Ela percebeu algumas coisas rápido, tem uma mão firme no leme’, elogiou Lars.

Os alunos do Antônio Caputo serão levados ao parque duas tardes por semana, por ônibus da Prefeitura de São Bernardo. ‘Faço futebol e judô, mas acho que nunca faria vela ou canoagem’, diz Marco Antônio Araújo, de 17 anos, que experimentou a canoagem e saiu ansioso pelas próximas aulas.

O curso envolve também aulas de tráfego marítimo e educação ambiental. ‘Aqui não se vive a expectativa de medalhas, mas de formar cidadãos que respeitem o meio ambiente e a qualidade da água’, diz Lars. As federações de vela, remo e canoagem, no entanto, participam do projeto e estão atentas aos primeiros formandos. ‘Vamos viabilizar a construção de um galpão ao lado aqui do projeto. É fundamental dar seqüência ao trabalho’, diz Gilberto de Mattos, vice-presidente da Federação Paulista da Remo.

Depois de São Bernardo, serão inauguradas escolinhas em Santos, Barra Bonita, Ubatuba e, provavelmente, Paraibuna. O Navega São Paulo é o braço paulista do Projeto Navegar, iniciativa nacional criada por Lars Grael em 1996, quando era secretário nacional do governo Fernando Henrique Cardoso. O Navegar mantém hoje 39 núcleos em 15 Estados, dois deles em São Paulo: Piraju e Ilhabela. ‘Estávamos inconformados com o discurso sobre a vela ser um esporte de elite’, diz Lars.