Problemas escolares debatidos por quem está na sala de aula

O Estado de S. Paulo - Estadão Norte - Sexta-feira, 13 de agosto de 2004

sex, 13/08/2004 - 10h50 | Do Portal do Governo

Programa de instituto une pais, professores e alunos na busca de soluções para melhorar o convívio

Vanessa Spada

Algumas escolas da região de Casa Verde/Pirituba, uma estadual, uma municipal e uma particular, vão participar do Abrace seu Bairro, um projeto piloto do Instituto São Paulo Contra a Violência. Há três anos, o psiquiatra infantil e de adolescentes David Levisky começou a elaborar e a formatar a idéia. Em 2001, foi assinado o protocolo de intenção com os parceiros.

O Abrace seu Bairro tem a intenção de descobrir os problemas nas escolas e trabalhá-lo com alunos, professores, funcionários, direção e pais. Na escolha das instituições da primeira fase, levou-se em conta a estrutura urbana dos bairros. ‘Não dava, por exemplo, para resolver a questão de segurança do lado de fora do colégio, quando é muito grave’, diz Levisky.

Na escolha dos lugares, o instituto teve a ajuda das Secretarias de Educação, que entraram em contato com os interessados em participar. Em cada escola, há quatro profissionais contratados para levantar problemas e integrar e articular a melhor maneira de resolvê-los. ‘Mas tudo é feito por estudantes e escola. Os profissionais só ajudam a amadurecer a idéia’, explica o coordenador. São os chamados Núcleo de Trabalho Escolar (NTE), que avaliam e definem um projeto, capaz de atenuar os problemas.

Pontos negativos – Segundo Levisky, mesmo em sistemas de ensino diferentes, os problemas descritos pelos participantes da iniciativa foram comuns. Para os diretores, a dificuldade nos relacionamentos, a falta de comunicação e a falta de respeito de alunos são os principais fatores negativos.

Os professores citam a violência na mídia como um dos principais fatores que causam a violência local, mas alegam que falta na relação com os estudantes autoridade, respeito, afetividade, limites, disciplina e compromisso. Temas como dificuldades nos relacionamentos, violência sexual, desperdício de material, como lanche e uniforme, além de limpeza do ambiente também foram citados.

Para a maioria dos estudantes, falta tolerância entre as pessoas e há muitas brigas no pátio e na saída do colégio. Os entrevistados também destacam que muitas instituições estão cercadas de trancas e grades e mais parecem uma prisão. A falta de uma área externa para brincadeiras e atividades na hora do intervalo aparece nos depoimentos de alunos, que reclamam do grande número de aulas vagas. Essas revelariam desperdício e desconsideração com quem estuda.

Cada região também conta com um profissional de teatro, que vai desenvolver uma peça com os alunos. Na primeira semana de dezembro, acontecerá um festival para mostrar os trabalhos.

No bairro de Jabaquara (zona sul), por exemplo, por sugestão dos alunos, uma das escolas oferecerá aulas de português, matemática, oficinas diversas, recreação para crianças, entre outras atividades, das 19 às 21 horas, de segunda a sexta-feira. Serão grupos de alunos divididos por dias da semana, sempre coordenados por um professor da escola.

Disque-Denúncia – O Instituto São Paulo Contra a Violência responde também pelo Disque-Denúncia. As ligações para o serviço já permitiram a liberação de seqüestrados, localização de cativeiros, prisão de criminosos, apreensão de carros roubados, armas e drogas. As informações, que ficam totalmente anônimas, podem ser prestadas pelo 0800-156315.