Presos PMs suspeitos de matar coronel

O Estado de S.Paulo - Sábado, 26 de janeiro de 2008

sáb, 26/01/2008 - 13h23 | Do Portal do Governo

O Estado de S.Paulo

Dois sargentos e um soldado da Polícia Militar foram presos ontem pelo Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) durante as investigações sobre o assassinato do coronel José Hermínio Rodrigues, comandante da PM na zona norte. Os PMs tiveram suas prisões temporárias decretadas pela 2ª Vara do Júri por causa de dois outros inquéritos abertos em 2007 pela polícia: um sobre a tentativa de homicídio de um suspeito de tráfico de drogas e outro sobre o assassinato da mãe desse suspeito.

O que chamou a atenção dos homens que investigavam a morte do coronel para esses outros crimes foram três coincidências. Primeiro, eles aconteceram perto de onde o coronel foi assassinado, no dia 16, no Mandaqui, zona norte. Depois, o homem que matou a mulher e o que tentou matar seu filho pilotavam motocicletas, assim como o assassino do coronel Hermínio. Em um dos casos investigados, o matador pilotava uma moto Honda Falcon preta, mesmo modelo e cor usado pelo criminoso que disparou pelo menos cinco vezes com uma pistola calibre 380 no oficial. Por fim, nos dois crimes pelos quais os policiais foram presos, a arma usada foi uma pistola calibre 380.

Além do DHPP, a Corregedoria da PM participou das prisões de ontem. Os três PMs ficarão detidos pelo menos por 30 dias, prazo que pode ser renovado por outros 30 para que as investigações sejam feitas. O DHPP não revelou seus nomes, o batalhão em que eles trabalham ou o conteúdo de seus depoimentos sobre a morte do coronel e os dois outros crimes.

Por ora, a polícia é cautelosa. “Não temos condições de, por enquanto, vincular esses casos com a morte do coronel. Mas isso vai ser investigado”, afirmou o delegado Marcos Carneiro Lima, do DHPP. Agora, os policiais do departamento estão atrás da moto e da arma para comparar as balas com as que mataram o coronel.

EXTERMÍNIO

Ao direcionar a investigação da morte do coronel para a ação de um suposto grupo de extermínio formado, principalmente, por policiais do 18º Batalhão, os homens do DHPP apenas seguiram os indícios deixados pelo autor da execução de Hermínio. Segundo depoimentos de testemunhas, o homem usava um coturno preto de cano curto e empunhou a arma com as duas mãos, algo que policiais são treinados para fazer. Ele esperou o coronel, que passeava em sua bicicleta perto de casa, se aproximar e disparou-lhe um tiro na cabeça. Quando o oficial caiu no chão, o assassino fez os outros disparos.

O DHPP apura ainda o envolvimento de policiais na chacina que deixou sete mortes e dois feridos ocorrida no Tremembé, zona norte, perto de Guarulhos, no dia seguinte à execução do coronel. O departamento identificou a participação de PMs em três dos sete casos de chacina ocorridos na região em 2007.