Presa quadrilha que vendia apartamentos

Jornal da Tarde - Sexta-feira, 7 de maio de 2004

sex, 07/05/2004 - 8h58 | Do Portal do Governo

Bandidos trocavam as chaves de apartamentos vazios da CDHU em Mogi das Cruzes e, com documentos falsos, os vendiam. Empresa constatou que 44 unidades do prédio estavam ocupados irregularmente (ou foram comprados ilegalmente ou invadidos). Caso está sendo investigado

RENATA RONDINO

A polícia indiciou ontem um dos acusados de integrar uma quadrilha que vendia apartamentos de um conjunto habitacional da CDHU no bairro César de Souza, em Mogi das Cruzes. Claudinei Matowiski, de 38 anos, com outras 3 pessoas, usava documentos falsos da empresa para vender apartamentos vazios do conjunto, entregue em setembro do ano passado.

Segundo o delegado-titular do 3º DP de Mogi das Cruzes, Luiz Roberto Biló, a quadrilha se aproveitava de falhas na fiscalização da CDHU, trocava as fechaduras de apartamentos vazios e, com documentos falsos em mãos, vendia as unidades para desavisados, cobrando entre R$ 600 e R$ 2 mil de entrada.

Os estelionatários garantiam que em breve os novos ‘proprietários’ receberiam os boletos com as parcelas do financiamento.

No início do mês de abril a CDHU começou a apurar uma denúncia de venda ilegal de alguns apartamentos nesse conjunto habitacional, que tem 1.360 apartamentos. A fiscalização da empresa no local constatou que 44 apartamentos estavam ocupados irregularmente, ou seja, o morador não era o contemplado oficial no sorteio. Ele poderia ter comprado o imóvel ilegalmente ou invadido a unidade.

Estelionatário foi solto por falta de flagrante

A polícia descobriu que moradores irregulares haviam ‘comprado’ seus imóveis por meio do esquema montado pela quadrilha. Ao ser levado para a delegacia, Matowiski negou a venda das unidades, mas foi reconhecido por várias vítimas. ‘Ele apenas disse que trocava as fechaduras para os novos proprietários’, contou o delegado.

Como não houve flagrante, Matowski não pôde ser preso. A polícia já identificou os outros três integrantes da quadrilha, mas ainda não tem pista deles.

Hoje uma equipe técnica da CDHU irá até o conjunto habitacional para conferir a documentação dos apartamentos e saber quais estão em situação regular e quais foram invadidos. Nos casos já constatados de venda ilegal pela quadrilha, assim como nos casos de venda irregular do apartamento pelos proprietários contemplados ou de unidades invadidas, a empresa entrará com ação judicial de reintegração de posse para entregar os imóveis aos seus verdadeiros donos.

As vítimas da quadrilha terão de desocupar os apartamentos quando sair a liminar e terão prejuízo, pois não serão ressarcidas dos valores entregues aos estelionatários.

Os apartamentos da CDHU são destinados a famílias com renda entre 1 salário mínimo e 10 salários mínimos. Os proprietários são definidos por meio de sorteio. As famílias contempladas terão 300 meses para pagar as parcelas, cujo valor varia de acordo com a renda familiar.

Famílias com renda entre 1 e 3 salários mínimos pagam uma mensalidade de 15% do valor. Esse índice chega a 30% para famílias que ganham entre 8,5 e 10 salários.