Prefeitura e Estado selam acordo do Ecológico

Correio Popular - Campinas - Segunda-feira, 17 de maio de 2004

seg, 17/05/2004 - 9h15 | Do Portal do Governo

Convênio de gestão compartilhada será assinado hoje no Palácio dos Bandeirantes; área deve servir de Centro de Educação Ambiental

Maria Teresa Costa, da Agência Anhangüera

Após dois anos de negociações, Prefeitura de Campinas e governo do Estado firmam hoje acordo para salvar o Parque Ecológico Monsenhor Emílio José Salim do abandono e da degradação. Estado e Município farão, a partir de agora, a gestão compartilhada do parque, conforme convênio que será assinado às 11h em cerimônia no Palácio dos Bandeirantes. Na mesma solenidade, a Petrobras assina convênio com a entidade Unipaz garantindo o repasse de R$ 2 milhões que serão destinados às obras de revitalização do parque. A Unipaz vai administrar a aplicação dos recursos.

O acordo estabelece que o governo do Estado será o responsável pela coordenação geral do Ecológico e que a gestão da maior área verde da cidade (285 hectares) será compartilhada entre os dois poderes. Será instalada uma comissão técnica com representantes dos dois lados que ficará responsável em decidir sobre projetos e elaborar o regulamento do Parque. Um Conselho de Administração será criado com nove membros, com representantes dos dois governos, do Conselho Municipal de Meio Ambiente (Comdema), do Conselho de Defesa do Patrimônio Artístico e Cultural de Campinas (Condepacc) e de entidades que desenvolvem atividades no Parque Ecológico.

A Guarda Municipal fará a segurança da área até que o Estado assuma totalmente a vigilância daquele espaço, que hoje é feita por uma empresa contratada pela Secretaria Estadual do Meio Ambiente. Pelo acordo que será assinado hoje, o Município fica responsável pela manutenção e cuidados com a área verde, enquanto o Estado se encarrega da segurança. O convênio estabelece ainda recursos para administração, segurança, manutenção e conservação do parque. O custo estimado é de R$ 2,5 milhões anuais, dos quais a Prefeitura arcará com R$ 1,1 milhão e o Estado, com R$ 837 mil.

Para garantir os investimentos necessários à recuperação do Parque Ecológico foram assinados acordos com empresas como Petrobras, Shell e Companhia Paulista de Força e Luz (CPFL), que investirão um total de R$ 7,2 milhões.

A Prefeitura informou, por meio da assessoria de imprensa, que está estudando a implantação de tarifa única de transporte coletivo partindo de qualquer ponto da cidade até o parque. A medida visa facilitar o acesso e incentivar a população a freqüentar o local, especialmente nos finais de semana.

O principal objetivo do acordo é transformar o Parque Ecológico em um Centro de Educação Ambiental, conforme o representante da Prefeitura na elaboração do convênio, Luiz Carlos Rossini. No local será instalado o primeiro Centro Integrado de Percepção Ambiental (Cipam), que desenvolverá pedagogia não apenas relacionada com práticas culturais, arquitetônicas ou construtivas, mas também com os tratamentos das questões ambientais.

Petrobras vai recuperar o casarão histórico

Parte dos recursos que serão investidos pela Petrobras na revitalização do Parque Ecológico Monsenhor Emílio José Sallim serão utilizados na restauração do casarão histórico e na complementação do projeto paisagístico concebido por Burle Marx para a área. Nesses dois projetos serão investidos R$ 1,1 milhão, praticamente metade do total de recursos que a estatal pretende liberar para o projeto de revitalização.

A estatal vai investir R$ 2 milhões em projetos no parque e mantém a disposição de liberar outros R$ 1,8 milhão em três anos para a manutenção da área. Os recursos destinados pela estatal ao plano de revitalização chegarão ao parque por meio da Unipaz, entidade que se encarregará de gerenciar o dinheiro. A Unipaz já atuou no parque com o projeto Jovens Viveiristas. Além do restauro do casarão e do projeto paisagístico, a Petrobras vai bancar também as obras de construção ou recuperação dos sanitários públicos, de lanchonetes, de portarias e cercamento da área.

O casarão, imponente exemplar da arquitetura do século 19, era a sede da Fazenda Matto Dentro. Além do necessário restauro da construção, o prédio (e também a tulha) tem graves problemas como a infestação generalizada por besouros e cupins de madeira seca. Recentemente também foi encontrada infestação por cupim subterrâneo. A implantação do projeto paisagístico de Burle Marx precisará ocorrer em praticamente sua totalidade. O plano previa o plantio de cerca de 185 mil mudas (entre elas, 9.263 mudas de árvores e palmeiras, 48.443 arbustos, 231 trepadeiras, 109.383 forração e 10.541 mudas de plantas aquáticas). Até agora foram plantadas apenas 3 mil mudas de árvores e mil de palmeiras.

O projeto de Burle Marx foi elaborado em 1989 para a totalidade da área do parque, prevendo mudas de 200 espécies. Nesse projeto, os jardins do casarão receberão um tratamento diferenciado tanto por constituir área envoltória de patrimônio tombado, como por sua localização privilegiada, formando, com o complexo arquitetônico, um dos mais belos locais.