Poupatempo caminha para a privatização

Jornal da Tarde - Sábado, 22 de outubro de 2005

seg, 24/10/2005 - 11h37 | Do Portal do Governo

ARTHUR GUIMARÃES

Projeto de lei que tramita na Assembléia Legislativa formaliza possibilidade de as unidades serem administradas pela iniciativa privada
Anunciada há mais de um ano como promessa, a idéia do governador Geraldo Alckmin PSDB de terceirizar a gerência dos postos do Poupatempo pode virar regra em breve. Um projeto de lei que tramita na Assembléia Legislativa, de autoria do próprio tucano, formaliza a possibilidade de as unidades do programa serem administradas pela iniciativa privada.

Na prática, essa medida abre caminho para que empresas banquem toda a construção ou reformas de novos postos e financiem a compra dos equipamentos. O texto em análise pelos deputados também possibilita a mudança de perfil de funcionamento dos dez Poupatempo já existentes.

Em troca, o investidor ganharia a oportunidade de, por cinco anos, gerir o dia-a-dia do atendimento ao público – com uma espécie de fiscalização do ‘órgão competente’ -, recebendo do Tesouro uma contrapartida, que ainda não foi definida. ‘Ninguém deve ganhar rios de dinheiro com isso. Nossa idéia é economizar recursos públicos, mas sem beneficiar exageradamente a iniciativa privada’, explica o superintendente do Poupatempo, Daniel Annenberg.

Para ele, esse tipo de ação traria economia para os cofres do governo e possibilitaria a abertura de ainda mais unidades. ‘Com esse novo modelo, sem dúvidas o Estado terá mais fôlego para pensar em expandir o serviço pelo Estado’, explica.

Mesmo sem a aprovação do projeto de lei, no entanto, nos postos espalhados por São Paulo, hoje, muitos serviços já são terceirizados, como a limpeza, segurança, central de informações e até o trabalho de elaboração de segunda via da carteira de motorista.

Para Annenberg, isso tudo não seria ilegal. ‘A legislação que existe é muito vaga. Sempre houve a possibilidade. Agora só queremos consolidar as regras para essa concessão’, argumenta. Os primeiros postos pensados sob essa nova perspectiva, segundo o superintendente, serão os de Osasco e Santos, prometidos para 2005, mas deixados para o ano que vem (veja quadro).

Na Assembléia, o projeto tramita em caráter de urgência – apesar de Annenberg alegar que a legislação anterior já seria suficiente para justificar a terceirização. O texto recebeu perecer favorável da Comissão de Constituição e Justiça, onde foi derrubada uma emenda do deputado Carlos Neder PT, que praticamente anulava os efeitos da lei.

Na próxima terça-feira, a proposta deve continuar seu trâmite. Neder disse que já apresentou nova emenda e brigará para que a iniciativa privada não entre na administração do Poupatempo. ‘Estão privatizando tudo’, reclama.