Rubens Lara (*)
Há 38 anos a Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (Cetesb), desenvolve o Programa de Balneabilidade das Praias Paulistas para avaliar a qualidade das águas marinhas, realizando o monitoramento semanal em 154 pontos localizados em 134 praias, nos 15 municípios litorâneos.
Trata-se de uma ação cujo principal objetivo é garantir o bem-estar dos que procuram as praias para o seu lazer, não apenas nas temporadas de verão, mas durante os 365 dias do ano. Para isso, a Cetesb divulga semanalmente o Boletim de Balneabilidade das Praias Paulistas, que é encaminhado às prefeituras, órgãos de saúde e de turismo e aos meios de comunicação. A população já se acostumou com esse serviço, consultando rotineiramente o site da Cetesb — www.cetesb.sp.gov.br — ou o telefone 0800-113560 em busca de informações sobre as condições de balneabilidade das praias para orientar o seu lazer, com segurança e tranqüilidade.
Poucos países, mesmo entre os desenvolvidos, mantêm tal serviço com a proficiência com que a Cetesb o faz, cobrindo semanalmente os mais de 700 quilômetros de praias no Estado, aperfeiçoando continuamente os procedimentos. Tanto é que nos meses de maior afluência de veranistas, no início de cada ano, intensificamos o monitoramento nas praias que experimentam maior procura, realizando três coletas semanais para garantir dados mais seguros sobre a qualidade das águas para recreação.
Além disso, desde janeiro de 2001 passou a utilizar as bactérias escherichia coli e enterococos que, por resistirem por um período mais prolongado no ambiente aquático marinho, constituem indicadores mais seguros de contaminação fecal, cuja densidade é diretamente proporcional ao risco potencial de se contrair doenças infecciosas.
O Governo do Estado de São Paulo, por intermédio da Cetesb, faz um grande investimento neste programa que orienta não somente o lazer da população, mas a formulação de políticas públicas na área de saneamento básico, indicando as necessidades nos municípios litorâneos. É ainda por esta razão que o programa está realizando também o monitoramento da operação dos emissários submarinos, avaliando o seu funcionamento e o comportamento das plumas de esgoto ao longo do litoral paulista.
Outras atividades incluem estudos, desenvolvidos em parceria com a Universidade de Taubaté (Unitau) acerca da floração de algas que pode ocorrer em conseqüência da oferta de nutrientes em grande quantidade, por causa dos lançamentos de esgotos, produzindo compostos tóxicos afetando a qualidade das águas marinhas e afetando a saúde dos banhistas.
Num cenário como este, em que convergem esforços de diversas áreas para garantir a saúde da população, é lamentável constatarmos que as bandeirinhas que a Cetesb coloca nas praias — verde, quando próprias para banho, e vermelhas, quando o contato com a água não é aconselhável — estejam sendo retiradas por simples vandalismo ou por interesses ainda não claramente identificados.
É, com certeza, uma ação isolada envolvendo um grupo reduzido de pessoas, cuja consciência de cidadania sofreu desvios a ponto de colocar em risco não só o trabalho de uma instituição séria como a Cetesb, um dos órgãos ambientais mais respeitados em todo o mundo, mas também a saúde da população que pode, inadvertidamente, dependendo da resistência de cada um, contrair doença infecciosa ao adentrar o mar em condições inadequadas.
É por este motivo que a Cetesb desenvolve, também, um amplo trabalho de educação ambiental, especialmente a campanha Verão Limpo que, em parceria com os municípios e empresas privadas, procura conscientizar a população acerca da necessidade de manter as praias limpas, utilizar racionalmente as águas de abastecimento, não se expor desnecessariamente ao sol etc.
Esperamos que esta ação venha também a envolver os que, como os que subtraem as bandeirinhas da Cetesb, resistem ao convívio civilizado, buscando melhor qualidade de vida.
(*) Rubens Lara é presidente da Cetesb.
