Policiamento de rua terá reforço até 2004

Folha de S. Paulo - 23/10/2003

qui, 23/10/2003 - 9h28 | Do Portal do Governo

6.000 PMs serão distribuídos entre capital, Grande SP e regiões de Sorocaba, Santos, Campinas e São José dos Campos

Alessandro Silva, da reportagem local


A Polícia Militar de São Paulo remanejou cerca de 6.000 vagas de seu efetivo para reforçar o policiamento na capital e em regiões do entorno até o final de 2004 -ano em que serão realizadas eleições municipais.

Os policiais vão atuar em uma espécie de cinturão -que o comando da corporação chama de ‘anel de segurança’- ao redor da Capital e da Grande São Paulo.

A estratégia, segundo a PM, é impedir que criminosos ‘migrem’ dentro dessa área, onde se concentram cerca de 29 milhões de habitantes, a maior parte da população do Estado.

Segundo o comandante-geral da PM, coronel Alberto Silveira Rodrigues, 51, era comum criminosos irem para o litoral sempre que havia uma operação mais intensa na capital ou nos municípios do ABC. Rodrigues foi comandante na Baixada Santista.

O reforço equivale ao contingente que a PM mantinha até o início do ano na região de Campinas, a terceira maior de São Paulo, onde vivem 5,3 milhões de pessoas, também incluída entre as que terão mais policiais nas ruas.

Até dezembro de 2004, a Polícia Militar espera aumentar o efetivo dos atuais 87,8 mil para 93 mil homens -recorde na história da corporação-, completando seu quadro previsto em lei.

Normalmente, a PM gasta um ano na formação dos soldados e precisa repor cerca de 2.500 policiais a cada 12 meses -entre os que pedem baixa, são excluídos, morrem ou se aposentam.

Hoje, 4.768 PMs estão sendo formados no Estado, entre oficiais e soldados, já incluídos na contabilidade das 87,8 mil vagas.

Com o remanejamento que foi feito, após o preenchimento das vagas, deve haver um aumento real de 15% no efetivo que atende a capital, a Região Metropolitana e as regiões de Sorocaba, Santos, Campinas e São José dos Campos.
‘São homens operacionais, para trabalhar nas ruas’, afirmou o comandante-geral.

Com a redefinição de vagas, retiradas de outros locais, o quadro fixado de PMs na capital cresceu 9%, e o da Grande São Paulo, 23,9%. No interior, o aumento foi de 11,9% em São José dos Campos, 21,9% em Campinas, 17,3% em Santos e 18,8% em Sorocaba.

Para a corporação, o remanejamento deve corrigir distorções no quadro da PM. Em Embu (Grande SP), por exemplo, o número de PMs passará de 172 para 362 com a criação de um batalhão. A cidade, com 209 mil habitantes, liderou entre 2001 e 2002 o ranking de homicídios no Estado. Em agosto, criminosos supostamente ligados à facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital) atacaram a única base comunitária da PM.

No total, novos batalhões e companhias já criados dentro do cinturão, por meio de decretos e portarias, consumiram 2.300 das 6.000 novas vagas previstas.

Estudo

Segundo o comandante da PM, as vagas remanejadas não estavam preenchidas -ou seja, não houve transferência de policiais. A PM não soube informar quanto do novo quadro já foi preenchido.

Dos 639 soldados que concluíram o curso de formação no último sábado, em São Paulo, por exemplo, 250 ficaram na capital e o restante seguiu para o policiamento rodoviário.

Dois fatores explicam a redistribuição feita pelo comando. A corporação conseguiu substituir, gradualmente, a partir do final do ano passado, cerca de 6.000 policiais que ficavam em trabalhos administrativos internos por soldados temporários. Outros 4.000 estão sendo liberados dos presídios estaduais, por causa da criação da carreira e a contratação de guardas de muralha. No total, são 10 mil homens liberados para trabalhar nas ruas em todo o Estado.

A partir disso, segundo o comandante da PM, foi feito um estudo para definir quais regiões receberiam mais policiais e de onde seria retirado o reforço para as áreas prioritárias.

A escolha levou em conta a população fixa, flutuante e pendular (dos que trabalham em um lugar e moram em outro) dos municípios, mais uma série de indicadores criminais -roubos e homicídios, por exemplo- e características do local: se há favelas, presídios, problemas agrários e se há turismo. ‘Fizemos a redistribuição sem que as demais regiões ficassem em situação difícil’, disse o comandante da PM. Algumas áreas teriam sobra de pessoal.

O plano da corporação, agora, é reforçar a ronda escolar, o policiamento integrado (em que o PM trabalha sozinho, parado em pontos estratégicos) e as outras modalidades de patrulhamento.

Anteontem, o coronel esteve reunido em São Paulo com 197 comandantes de unidades do Estado para discutir o próximo plano de ação da corporação para o biênio 2004/2005.