Policiais estouram central telefônica em SP

O Estado de S. Paulo - 9/5/2002

qui, 09/05/2002 - 11h06 | Do Portal do Governo

Para delegado, local mostra que celulares continuam entrando nas prisões

O roubo de um celular levou a polícia a estourar anteontem uma central telefônica clandestina numa casa da Rua Saldanha Marinho, no Belenzinho, zona leste de São Paulo. Dois homens que estavam no imóvel foram presos: Adeir Venâncio de Jesus, de 33 anos, e Alexandre Caieiro da Silva, de 24, que é portador de deficiência física e visual. Com eles estava uma adolescente, F.S., de 16 anos. A garota foi entregue a um responsável e os dois homens foram indiciados por receptação, estelionato, corrupção de menor, porte de arma, formação de quadrilha e violação das telecomunicações.

O delegado Frederico Prouse, do 81.º DP, disse que a central funcionava havia cerca de dois meses e é uma prova de que os celulares continuam entrando nas prisões. A central tinha equipamentos com capacidade para receber e transferir duas ligações ao mesmo tempo. Presidiários falavam entre si de várias cadeias e com parentes e amigos do lado de fora. No local foi encontrado um revólver calibre 38, com numeração raspada, e várias cartas de detentos.

A central foi descoberta a partir do roubo de um celular, na segunda-feira na Avenida Inácio Monteiro, em Guaianases, zona leste. Anteontem, a vítima (um homem cujo nome não foi divulgado pela polícia) recebeu de um desconhecido uma proposta para ter o celular de volta, mediante o pagamento de R$ 120,00. Um encontro foi marcado na Avenida Celso Garcia, na frente de uma igreja, onde a adolescente esperava a vítima com o telefone.

O homem compareceu ao encontro, mas estava acompanhado por policiais militares. Eles chegaram à central por indicação da garota.

Cartas – Durante o tempo em que os policiais estiveram na casa, os telefones não pararam de tocar. Os próprios soldados atenderam algumas ligações. Uma curiosidade foi a existência de correspondências no imóvel, já que a central permitia comunicação mais imediata do que por meio de cartas.

Prouse disse que as investigações vão continuar para descobrir se mais pessoas estavam envolvidas com a central. Ele acredita que os homens teriam invadido a casa para instalar ali os equipamentos de comunicação. Mesmo assim, o proprietário da residência também vai ser identificado e ouvido pela polícia.

Carlos Araújo