Jornal da Tarde
Sistema de alta performance entrará em operação em março
JOSÉ DACAUAZILIQUÁ, jose.dacau@grupoestado.com.br
Aquela história de o criminoso comprar um radinho por R$ 150 na Rua Santa Ifigênia e escutar a freqüência da polícia durante um assalto está com os dias contatos. No dia 28 de março a comunicação da Polícia da Capital entrará na era digital, com um sistema à prova de invasões. Um investimento de R$ 200 milhões para comprar o segundo melhor sistema de comunicação do mundo, que só perde para o do Exército dos Estados Unidos.
Os criminosos não poderão ouvir as conversas da polícia porque o novo sistema opera com criptografia (embaralha os dados). A comunicação pode até ser interceptada, mas não será compreendida.
Com a tecnologia adquirida pelas Polícias Civil e Militar de São Paulo, um hacker com um equipamento de ponta levaria cerca de 48 horas para decodificar parte da mensagem. Sendo que em questão de segundos, o conteúdo se perde.
Sistemas diferentes
O sistema antigo (analógico) só transmite voz e com pouca qualidade ( muitos ruídos). O novo sistema trabalha com som de qualidade, além de transmitir imagens e dados para notebook e palm tops. Algumas viaturas trabalharão com esses equipamentos em fase de teste.
O que essa troca vai impactar no trabalho da polícia? Segundo o tenente-coronel Luiz Carlos Fernandes, do Centro de Suprimento e Manutenção de Material de Telecomunicações (CSM-Mtel) da Polícia Militar, isso vai permitir integração entre as polícias, rapidez no atendimento das chamadas e maior segurança para o policial. ‘Tendo um radiocomunicador, o policial se sente mais seguro e tem mais confiança’, diz o segundo tenente Daniel Luiz Silveira Cavalheiro.
O coronel explica que em casos mais específicos será permitido que a vítima, usando seu telefone, fale com o policial que está atendendo a ocorrência. Sem interlocutores. O tenente ressalta que os dois primeiros efeitos serão sentidos diretamente pela população.
‘Uma polícia que trabalha em conjunto é mais eficiente e a criminalidade cai. O tempo de atendimento diminui e as viaturas voltam mais rápido para o patrulhamento das ruas’, explicou Cavalheiro.
O novo equipamento permitirá a comunicação ao mesmo tempo entre policiais militares, investigadores, bombeiros, oficiais, delegados e peritos criminais, sempre garantindo a privacidade.
Isso pode ser fundamental em casos de operações conjuntas ou em ocorrências de maior porte, como por exemplo, a explosão de um shopping ou ataques de facções criminosas, que envolveria várias equipes das forças policiais que passariam a se comunicar num único canal.
‘Na época dos atentados terroristas, em setembro de 2001, a cidade de Nova York trabalhava com o sistema, mas ele ainda não estava integrado. Cada força pública operava numa freqüência’, explicou Bruno Nowak, diretor de estratégia da Motorola. ‘Sem dúvida é um marco notável para São Paulo e um exemplo para o Brasil’, frisa o diretor.
O atendimento das viaturas será mais rápido e menos burocrático. Há também o botão de emergência. Se um policial for baleado ou estiver em apuros, ele aciona o dispositivo que repassa a prioridade de seu atendimento na rede. Caso não consiga, a central pode interferir na comunicação e ouvir o som ambiente. ‘Em breve poderemos confrontar o número de policiais e cidadãos vítimas, antes e depois da era digital. Será bem menor’, disse Cavalheiro.
PONTOS POSITIVOS DO NOVO SISTEMA
PARA A POPULAÇÃO:
1. Atendimento mais rápido e eficiente da polícia.
2. Viaturas voltam mais rápido para o patrulhamento das ruas.
3. A possibilidade em determinados casos de falar diretamente com o policial que está atendendo o caso
PARA O POLICIAL:
1. Integração entre as Polícias Civil e Militar.
2. Maior área de cobertura e melhor qualidade na comunicação.
3. Botão de emergência (acionado com um único toque)