Polícia fará ronda na Serra do Mar contra invasões

Folha de S.Paulo - Terça-feira, 17 de abril de 2007

ter, 17/04/2007 - 14h29 | Do Portal do Governo

Folha de S.Paulo

Um total de 130 policiais (ambientais e militares) fará rondas dia e noite nos núcleos invadidos do Parque Estadual da Serra do Mar e em áreas de mangue, em Cubatão, para evitar que sejam feitas novas construções irregulares. O governo estadual espera remover, até o final deste ano, pelo menos 1.500 famílias que vivem dentro do parque.

O secretário estadual Xico Graziano (Meio Ambiente) esteve ontem em Cubatão para “congelar” oficialmente as invasões nos bairros-cota (ao longo da via Anchieta, na serra do Mar), no bairro Água Fria (na margem do rio Cubatão, no pé da serra) e na Vila Esperança (em área de mangue).

Com o congelamento, espera-se evitar desmatamentos e o aumento da contaminação das águas da região. O bairro Água Fria, com 1.200 famílias, é o mais problemático: o esgoto e lixo vão direto para o rio Cubatão. Mesmo assim, ontem havia dez jovens pescando no local. “Se morrer, morre todo mundo”, disse o adolescente Rafael, que não deu o sobrenome. O rio abastece Cubatão, São Vicente (área insular), Santos e parte de Praia Grande. Em casos extremos de estiagem, também fornece água para o Guarujá.

Segundo a Sabesp, é necessário fazer um tratamento mais “pesado” da água nesse rio e, por isso, o custo cresce.

Autuação

Desde janeiro, segundo a Polícia Militar Ambiental, foram lavrados 80 autos de infração no bairro Água Fria, em razão de desmatamentos para construir moradias irregulares.

“O direito a moradia digna é o mesmo direito de um meio ambiente equilibrado. Um direito não engole o outro”, disse Graziano. O secretário garante que as famílias já instaladas só serão removidas quando houver imóveis da CDHU (companhia estadual de habitação) disponíveis. O custo dessa revitalização em Cubatão é de “alguns milhões”, diz o secretário.

Maria Tereza Silveira, diretora de ação regional da CDHU, disse que na segunda quinzena de maio será feito o cadastramento de quem mora nas áreas “congeladas” pelo governo.

Moradores da Água Fria, entretanto, dizem não querer deixar a área. “Preferia que urbanizassem o bairro em vez de nos tirarem daqui. Até porque não tenho como pagar um imóvel da CDHU”, disse Flávia Soares de Melo, 42, desempregada que mora no local há dez anos. O secretário Graziano promete tirar todos do bairro -junto com igrejas, bares e salões de beleza- e montar um centro de educação ambiental no local.