Polícia estoura distribuidora de gasolina falsa

Jornal da Tarde - Quinta-feira, 14 de abril de 2005

qui, 14/04/2005 - 9h35 | Do Portal do Governo

Os policiais apreenderam sete carretas e outros 200 mil litros da mistura que estavam acondicionados em oito tanques

DANIEL GONZALES

A empresa tinha capacidade para produzir diariamente um milhão de litros de solvente misturado a álcool. É o primeiro local fechado depois da entrada em vigor da lei dos postosUma distribuidora de combustível falso com capacidade para produzir diariamente 1 milhão de litros de uma mistura de solvente e álcool como se fosse gasolina foi estourada pela Polícia às 6h30 de ontem em Santana do Parnaíba, região metropolitana de São Paulo. A Sultão Distribuidora de Combustível Ltda., segundo a polícia, tinha uma rede organizada para levar a mistura para postos da Capital, Grande São Paulo e Interior. Segundo a polícia, até 50 postos eram abastecidos por dia.

Foi o primeiro flagrante de combustível adulterado realizado em São Paulo depois que a nova lei estadual sobre o assunto passou a valer, anteontem. O texto estabelece uma série de medidas para impedir que postos e distribuidoras de gasolina adulterada voltem a funcionar. A distribuidora fechada ontem vinha sendo investigada há 40 dias.

Na hora em que os policiais chegaram à Rua Rio de Janeiro, 80, Bairro Fazendinha, duas carretas se preparavam para levar a mistura para Presidente Prudente e Americana, segundo o delegado José Eduardo Jorge, da 1ª Delegacia da Divisão de Crimes contra a Fazenda. Cada uma delas comporta 15 mil litros do produto. Outros cinco veículos estavam sendo abastecidos. Os policiais apreenderam todos eles e 200 mil litros da falsa gasolina, acondicionada em oito tanques.

Ninguém foi preso, mas segundo Jorge, oito pessoas, todas motoristas e funcionários, foram detidas e depois liberadas e intimadas a prestar depoimento. No escritório, foram encontrados até laudos falsificados, que atestavam a ‘boa qualidade’ do produto. Fiscais da Secretaria Estadual da Fazenda também acharam uma relação de postos, supostamente os que receberiam a mistura ontem. Havia endereços de postos na periferia da Capital e no Interior.

‘Vamos agora iniciar um processo de investigação para chegar aos postos que vendiam essa mistura, que de gasolina mesmo não tinha nada’, contou o delegado. ‘Enquadraremos a distribuidora na nova lei estadual’. Técnicos da Agência Nacional de Petróleo ANP levaram amostras do líquido para análises. ‘Infelizmente, não tinha nenhum gerente ou proprietário na distribuidora quando chegamos.’ Segundo ele, os responsáveis usavam um corante para dar ao produto aspecto e odor de gasolina. Tinham até bombas para remexer a mistura e tornar o processo mais rápido. A distribuição do falso combustível era ainda mais fácil porque a empresa ficava em um lugar estratégico. Santana do Parnaíba está localizada entre as Rodovias Castello Branco, Anhangüera e Bandeirantes.

O uso da mistura como se fosse gasolina, segundo especialistas, é devastador para o veículo. A mistura pode criar uma espécie de goma que se acumula no fundo do tanque e entope o sistema injetor dos veículos e danifica velas e válvulas. Além disso, a ação do solvente pode rachar mangueiras, causando vazamento e incêndio, se houver contato com faíscas.

Na semana que vem, o governo do Estado deve publicar portaria regulamentando a Lei, estabelecendo procedimentos de coleta das amostras de combustíveis e instruções para a cassação da inscrição estadual do estabelecimento irregular.