Paulo Reda, free-lance para a Folha Campinas
Folha de S. Paulo – Sexta-feira, 8 de agosto de 2003
Droga estava em um sítio a cerca de 175 km da capital paulista,
onde funcionava um laboratório de refino
Uma operação que envolveu 50 policiais civis e militares apreendeu ontem cerca de 850 kg de cocaína em um sítio localizado a 7 km do centro de Rio Claro (175 km a noroeste de São Paulo).
Foi a maior apreensão da droga realizada no Estado de São Paulo neste ano. No sítio onde estava a cocaína, avaliada em R$ 25 milhões, havia ainda um laboratório de refino da droga. No ano passado, a polícia localizou 9 toneladas de cocaína em todo o Estado.
Junto à droga apreendida no interior de São Paulo havia ainda borra de café, produto utilizado para disfarçar, por meio do cheiro, o envio de cocaína ao exterior, de acordo com a polícia.
Sete pessoas foram presas, entre elas dois peruanos, o que reforçaria a possibilidade de se tratar de uma quadrilha internacional -a polícia suspeita que a cocaína seria embarcada para a Europa.
Além da droga, foi encontrada no sítio uma grande quantidade de armas e munições. Havia dois fuzis M-16 com lança-granada, armamento utilizado pelo Exército dos EUA na Guerra do Iraque.
A quadrilha dispunha também de um fuzil Ruger, duas submetralhadoras Uzi, de fabricação israelense, dois revólveres, uma pistola automática, quatro carabinas, uma bomba de fabricação caseira e um GPS (aparelho de localização por satélite) de uso militar.
Segundo o delegado seccional de Rio Claro, Joaquim Dias Alves, o profissionalismo e a quantidade de cocaína e de armas sugerem que o grupo preso ontem faz parte de uma quadrilha internacional de tráfico de drogas.
A polícia só chegou ao sítio depois de uma denúncia feita por um promotor de Justiça -por coincidência, a quadrilha havia alugado um imóvel próximo à casa do promotor, em Rio Claro.
Esse promotor desconfiou da movimentação de pessoas e de carros importados na casa e deu início à investigação.
Os detidos foram identificados como Rosineide Vicente da Silva, seu marido, Eli Ferreira da Silva, sua filha, D.F..S., 14, João Carlos Gonçalves de Souza, Cícero Teixeira França e os irmãos peruanos Douglas Aguilar Mendoza e Marcelino Aguilar Mendoza.
Eles estão presos na própria Delegacia Seccional de Rio Claro. Até ontem, ainda não estava definido para onde os acusados seriam transferidos.
A quadrilha foi surpreendida às 4h de ontem, quando trabalhava na produção de cocaína no sítio.
Nos acessos ao sítio foram construídas lombadas de concreto para dificultar a chegada de carros. A guarda do local era feita por quatro cães da raça rotweiller.
Foi a partir do endereço fornecido pelo promotor que a polícia rastreou os telefonemas. ‘No início, acreditávamos que a casa seria usada como cativeiro para sequestros’, afirmou o delegado.
Ele acredita que a quadrilha estivesse atuando na região de Rio Claro havia cerca de um mês.
‘Foi um grande susto, pois nunca havíamos feito nenhuma apreensão de cocaína em Rio Claro em quantidade superior a 20 kg’, disse o delegado.
