Polícia comunitária é referência

Jornal da Tarde - Terça-feira, 5 de julho de 2005

ter, 05/07/2005 - 10h36 | Do Portal do Governo

Quando em 1996 o Jardim Ângela era considerado o local mais violento do mundo, segundo uma classificação feita pela ONU, a imagem de polícia para a comunidade era a da Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota) passando de carro com metralhadoras para fora. Quase dez anos depois, a interação é tanta que tem até dona de casa procurando policiais para consertar o cano quebrado. O resultado vem do trabalho realizado há sete anos pela Base Comunitária de Segurança do Jardim Ângela.

‘Apostaram na base como alternativa de aproximar comunidade e polícia, de traçar o perfil da região e conhecer as necessidades das pessoas’, contou o sargento Creomar Souza. Conquista do Fórum de Defesa da Vida, a base tem 24 homens e funciona 24 horas por dia. Além do policiamento padrão, promove atividades e eventos sociais toda semana.

São shows musicais que atraem, aos fins de semana, de 600 a 1.500 pessoas para o palco montado na frente da base. Páscoa, Natal e Dia das Mães também não passam em branco. Nas escolas, policiais fazem palestras sobre cidadania, direitos humanos e prevenção contra drogas. Deu certo. A polícia comunitária é tão bem aceita no bairro que já se tornou referência para a solução de todos os problemas. ‘Outro dia, um casal chegou aqui brigando e pedindo para eu fazer a separação’, exemplificou o sargento. ‘Uma mulher também veio para pedir uma cesta básica’, continuou o soldado Iguarain. Os policiais ficaram felizes com o reconhecimento. A instalação da base comunitária no centro do Jardim Ângela também desenvolveu o comércio. Com mais segurança, chegaram ali as lojas Casas Bahia e Marabraz, por exemplo. Outro resultado foi a valorização do bairro e a recuperação da auto-estima da população. Recentemente, o Jardim Ângela viveu 52 dias sem registro de mortes violentas. Em meados de 1999, a situação era diferente, com um assassinato a cada 12 horas. ‘Queremos acabar com o estereótipo de violência’, disse o sargento Creomar.