Polícia científica de São Paulo começa a entrar na era ‘CSI’

Diário de S. Paulo - Segunda-feira, 11 de julho de 2005

seg, 11/07/2005 - 10h33 | Do Portal do Governo

Instituto de Criminalística recebe materiais semelhantes aos usados na série de TV “CSI”, para encontrar pistas que ajudem na solução de crimes

Plínio Delfino

Impressões digitais, pegadas, fiapos de roupa, manchas de sangue. Um criminoso sempre deixa uma pista a ser investigada. E o Instituto de Criminalística do Estado de São Paulo, responsável pela produção de provas materiais, está se modernizando para atender à demanda de 500 mil laudos por ano. Para tanto, trouxe equipamentos de última geração dos Estados Unidos e Canadá, que vão compor 250 maletas a serem entregues este mês aos peritos de todas as unidades do estado.

Quem pensou que luzes ultravioleta ou gases capazes de tornar visíveis evidências de crimes só eram usadas em séries de televisão, como ‘CSI’ – exibida pela TV paga e na qual a polícia científica e seus equipamentos conseguem desvendar crimes de difícil solução -, poderá ver em breve, o material nas mão da polícia de São Paulo. ‘Isso vai fazer com que as perícia de campo sejam muito mais eficazes, rápidas e precisas, como o trabalho do perito criminal exige’, explicou o superintendente da Polícia Científica do Estado de São Paulo, Celso Perioli.

As novas maletas também iniciam uma fase de padronização do trabalho pericial. ‘Antes, cada profissional montava sua mala a seu modo, com os equipamentos que julgava necessário. Agora, teremos todos trabalhando da mesma maneira’, ressaltou Perioli. Outras 200 maletas com bisturis, tesouras e serrotes novos serão entregues aos funcionários do Instituto Médico Legal (IML). A Polícia Científica gastou R$ 400 mil para tentar atender às solicitações de peritos, que reclamavam de falta de material para trabalho.

Detalhes

Os mínimos detalhes podem se tornar a grande solução para um assassinato, por exemplo. ‘A preservação de um local de crime é fundamental para que o trabalho do perito tenha sucesso. Quando isso não acontece, o profissional, muitas vezes se frustra ao saber que não conseguirá reconstituir o que realmente ocorrera naquele lugar’, lembra Perioli. Segundo o superintendente da Polícia Científica, foi por esse motivo que em 2005 a disciplina Preservação de Local de Crime foi incluída no currículo das academias de polícia.

As novidades que serão experimentadas pelos peritos ainda neste mês começam pela utilização do cianocromato, substância utilizada em um bastão super-aquecedor, que pulverizada em um local de crime, adere em gordura e evidencia impressões digitais, por exemplo.

O luminol – cuja base á a mistura de duas substâncias químicas líquidas – é como se fosse uma pequena espada Jedi, aquela usada em ‘Guerra nas Estrelas’. Com ele, a polícia poderá encontrar com mais facilidade marcas de sangue e sêmen, mesmo que o local tenha sido lavado. ‘Até então, numa cena de crime onde há suspeita de que tenha havido sexo entre vítima e autor, por exemplo, o perito, na dúvida, levava o lençol do local para o laboratório e lá detectava se havia sêmen, pingos de sangue, entre outras evidências. Isso demora. Com o luminol, poderá verificar isso na cena do crime e agilizar todo o processo’, disse Perioli.

O filtro de luz ultravioleta também serve para realçar evidências. Na maleta, os peritos também carregarão uma fita adesiva especial que afixada em uma impressão digital ou marca específica, pode ser levado com a evidência para o laboratório sem prejudicar a prova. ‘Antes, a fita que usávamos acabava formando pequenas fissuras, o que causava deformidade na marca a ser analisada’, lembra o perito Jefferson Del Carlo, de 36 anos.

Além dessas novidades, a maleta também trará uma série de pós coloridos, brancos e pretos para destacar evidências em vários tipos de superfície, além de lupas iluminadas.