PMs presos são do 18º Batalhão

Jornal da Tarde - Terça-feira, 29 de janeiro de 2008

ter, 29/01/2008 - 12h38 | Do Portal do Governo

Jornal da Tarde

Os três policiais militares presos e investigados por suposto envolvimento no assassinato do coronel José Hermínio Rodrigues, 48 anos, executado a tiros no dia 16, são do 18º Batalhão, na Freguesia do Ó, Zona Norte da Capital. Dois deles, o sargento Ricardo da Rocha Benetti, 38 anos, e o soldado Pascoal dos Santos Lima, 31 anos, eram lotados na Força Tática e foram acusados de forjar um flagrante de porte ilegal de arma contra J.V.S., 25 anos, em 14 de outubro de 2006.

O coronel era chefe do Comando de Policiamento de Área Metropolitano-3 (CPAM-3), responsável pelos 5º, 9º, 18º e 43º batalhões da PM. Uma das metas de Rodrigues era punir policiais militares envolvidos com grupos de extermínio e com a máfia dos caça-níqueis. Um dos alvos do oficial eram justamente homens do 18º Batalhão, investigados por suspeita de participação em chacinas e extorsões a traficantes da Zona Norte da Capital.

J.V.S. estava numa avenida da Zona Norte, às 21h15 de 14 de outubro de 2006, quando foi abordado pelo sargento Ricardo Benetti e soldado Pascoal Lima, da viatura 18043. Segundo versão dos PMs, ele portava um revólver calibre 32 e teria dito que pagou R$ 100,00 pela arma.

O acusado foi levado para um distrito policial. Ele alegou que não portava arma e que teria sido abordado pelo sargento Benetti no dia anterior. J.V.S também disse na delegacia que foi espancado pelos PMs. O delegado de plantão o autuou em flagrante. O Ministério Público o denunciou à Justiça por porte ilegal de arma.

Em depoimentos à Justiça, os PMs e o acusado mantiveram as versões anteriores. J.V.S. ficou preso num Centro de Detenção Provisória (CDP) da Capital até 12 de abril de 2007, quando saiu em liberdade provisória. Porém, cerca de 15 dias depois, sofreu uma emboscada na Zona Norte. Um homem o chamou pelo nome e, em seguida, deu vários tiros em sua mão. O rapaz ficou alguns dias internado. As suspeitas contra o autor dos disparos recaíram sobre um sargento do 18º Batalhão da PM.

A vítima contou para a advogada S.L.S.M., que, alguns dias após ter recebido alta, foi com sua mãe, M.F.V. ,prestar queixa na Corregedoria da Polícia Militar, no Centro da Capital. A mãe foi executada a tiros dias depois de seu depoimento. Também há suspeitas de que M.F.V tenha sido assassinada por policiais militares.

Em 21 de setembro de 2007, a Justiça condenou J.V.S a três anos pelo crime de porte ilegal de arma. Em 31 de dezembro, foi expedido mandado de prisão contra ele. J.V.S. foi recapturado e, na semana passada, reconheceu o sargento que teria atirado nele no ano passado.

O Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) e a Corregedoria da PM investigam as denúncias de J.V.S e, por isso, pediram a prisão temporária de 30 dias dos PMs acusados pela testemunha. As polícias Civil e Militar não confirmam os nomes dos três PMs e também não comentam as apurações sobre a morte do coronel José Hermínio Rodrigues porque o caso está sob segredo de justiça.

Rodrigues foi executado com seis tiros de pistola 380. O assassino fugiu numa motocicleta Falcon, preta. Com os três PMs presos foram apreendidos uma pistola 380 e uma moto Falcon preta. Os acusados estão recolhidos no Presídio Militar Romão Gomes. Um funcionário da unidade informou que o sargento Ricardo Rocha Benetti e o soldado Pascoal dos Santos Lima estão lá desde o dia 26 e chegaram junto com o sargento Elber, também da Força Tática do 18º Batalhão.