A Polícia Militar anunciou ontem que irá infiltrar seus homens entre as pessoas que freqüentam as imediações das escolas da rede estadual de Campinas, além de outras três municipais. A missão desses policiais será identificar os traficantes que se misturam aos alunos.
‘Vamos usar a mesma tática deles. Nós vamos incomodar os traficantes, identificá-los e iremos buscá-los até em suas casas’, disse ontem o tenente-coronel Lúcio Ricardo de Oliveira, comandante do 35º Batalhão de Polícia Militar (BPM), durante reunião com 18 diretores de escolas e os dois dirigentes das diretorias regionais de Ensino de Campinas. Também participaram representantes da Guarda Municipal e da Secretaria Municipal de Educação.
A utilização do ‘serviço velado’ da PM foi uma das medidas anunciadas durante a reunião para tentar conter a onda de violência nas escolas. ‘Os traficantes se aproximam dos alunos na porta da escola. Essa ação criminosa, nós iremos combater’, explicou o comandante do 35º BPM.
O trabalho dos policiais sem farda está previsto para começar hoje em algumas escolas, mas nem a localização nem o número de estabelecimentos de ensino e de policiais que farão parte da ação foram revelados.
As escolas também terão papel importante no combate ao tráfico. O mapeamento divulgado recentemente pelo governo do Estado que aponta as 50 escolas mais violentas da cidade será enviado para os diretores por meio de disquetes. Os diretores terão que atualizar as informações sobre as pessoas que trabalham e colaboram com a escola. Os policiais também pretendem receber atualização de denúncias sobre a ação dos vendedores de drogas e vândalos.
Os diretores de todas as escolas já receberam uma lista com números de telefones dos comandantes das companhias de PM para manter contato permanente. ‘Os telefones particulares de cada comandante também serão deixados à disposição dos diretores, de forma confidencial, para que o contato possa ser feito a qualquer hora’, disse o tenente-coronel Lúcio.
Segundo os diretores, são pessoas não matriculadas nas escolas que impulsionam os casos de violência. ‘Uma aluna minha namora um rapaz que está envolvido com o tráfico e ele freqüenta diariamente a porta da escola’, comentou uma diretora. ‘É um consenso que o maior problema está nas pessoas que se infiltram entre os alunos’, comentou o dirigente da Diretoria Regional Oeste, Antônio Admir Schiavo.
‘Esses elementos são nocivos aos alunos e não temos como combatê-los. Somente a Polícia pode fazer esse trabalho. Por isso, vai ser importante esse trabalho de troca de informações’, disse a dirigente da Diretoria Regional Leste, Célia Maria Ferreira.
O trabalho terá parceria ainda com a Guarda Municipal, conforme ficou definido, já que algumas escolas municipais também enfrentam problemas com a ação de traficantes e com a violência, a exemplo do Caic da Vila União nos bairros São Marcos, Vila Boa Vista e Vila União.
A PM anunciou também que além do policiamento fixo nas escolas que apresentarem problemas cada uma das oito Companhias de PM existentes em Campinas terá mais duas viaturas para fazer a ronda escolar, num total de 16 novos veículos e 32 policiais.
De acordo com os dirigentes de ensino, Campinas tem 155 escolas na rede estadual, onde estudam 138 mil alunos.
Da Agência Anhangüera
