Hugo Cilo
Um surpreendente plano de um hidroanel que une o Grande ABC, através da represa Billings e dos rios Pinheiros e Tietê, ao aeroporto de Guarulhos foi apresentado nesta terça em um seminário na capital sobre formas de melhorar o aproveitamento de rios e represas da Região Metropolitana. Uma segunda idéia foi criar uma ligação pela Billings entre Diadema e o Grajaú, bairro na zona Sul da capital, o que reduziria para 30 minutos o tempo de viagem até o terminal Jabaquara do metrô.
A idéia de utilizar o sistema hídrico da Região Metropolitana de São Paulo para fins comerciais deve começar neste ano a sair do papel. A primeira fase das obras de implantação de uma hidrovia no rio Tietê – de 40 km – está em fase final, segundo Laurindo Junqueira, assessor técnico da EMTU (Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos), vinculada à Secretaria Estadual dos Transportes Metropolitanos. Ele foi um dos participantes do seminário realizado no Sindicato dos Engenheiros. Junqueira falousobre a crianção do hidroanel. “Esse é o primeiro passo para que possamos atingir nosso objetivo de interligar os rios e represas. O que era considerado impossível, estamos hoje concretizando. Espero que em mais dez ou 20 anos toda a hidrovia esteja concluída”, disse o assessor técnico.
Os debates ainda estão na fase de amadurecimento de idéias. “Pretende-se promover a interligação do sistema de transportes paulista com a utilização dos rios Tietê, Pinheiros, além das represas Billings e Taiaçupeba, nos municípios de Rio Grande da Serra e Suzano. Isso contribuiria para a solução dos principais problemas de logística dos grandes centros urbanos”, disse Junqueira. “O gasto com o transporte hidroviário chega a ser oito vezes menor se comparado com o rodoviário. Essa redução de custos e agilidade no sistema de transporte se mostra altamente benéfica a todas as cidades que integram a região, inclusive para a capital”, completou.
Segundo as estimativas do projeto, a implantação do sistema traria resultados positivos para o Grande ABC. “A região sofre com o excesso de veículos pesados de carga. Isso na questão urbanística, ambiental e econômica. Seria possível, até mesmo, interligar os municípios com o aeroporto de Guarulhos, o que facilitaria o escoamento da produção”, destacou Junqueira.
Travessia – Durante o seminário, cujo tema foi A Modalidade e a Integração do Sistema de Transportes Hidroviários no Estado de São Paulo, foram debatidos também os planos de aproveitamento do potencial das hidrovias para o transporte de passageiros. Os benefícios que a implantação dessa infra-estrutura pode proporcionar foram levantados por especialistas no assunto, como a construção de uma travessia Grajaú-Diadema, que facilitaria o transporte de pessoas entre a capital e a região do Grande ABC. “Em menos de 30 minutos, seria possível sair de Diadema e chegar à estação Jabaquara do metrô. Isso significa atender a uma antiga reivindicação da população da região e desafogar os sistemas rodoviários”, explicou o assessor parlamentar Valdir Ferreira, que participou da mesa de debates sobre o assunto.
Para Ferreira, os custos para a concretização da travessia são pequenos em comparação com investimentos em transporte coletivo convencional. “Custaria muito pouco fazer a travessia. Basta que empresas privadas se candidatem à investir na concessão, como acontece em rodovias. Para as Prefeituras, seria necessário apenas construir acessos de pouco mais de 3 km até as margens da represa”, afirmou Ferreira. Ele acredita que em seis meses a travessia poderia entrar em operação.
