Pinacoteca inicia projeto para públicos especiais

O Estado de S. Paulo - 26/08/2003

ter, 26/08/2003 - 11h04 | Do Portal do Governo

Grupos de deficientes participam de um programa diferenciado de visitação

Camila Molina

A Pinacoteca do Estado de São Paulo lançou ontem um novo programa educativo, desta vez, voltado para os chamados públicos especiais. Pessoas com deficiências visuais, físicas, auditivas, mentais e emocionais correspondem a cerca de 12 a 13 % da população de São Paulo. Mais ainda, compreendem 10% da população do mundo segundo dados da Organização Mundial da Saúde. Foi pensando em incluir essa parcela da população nas atividades do museu que o seu núcleo de ação educativa pensou em desenvolver um programa especial de visitação.

Desde abril o projeto está sendo desenvolvido com o patrocínio da Visanet. A empresa é uma das parceiras da Pinacoteca e disponibilizou um montante de R$ 1 milhão para todo o ano. No caso do programa para públicos especiais, foram investidos R$ 200 mil de todo o orçamento fornecido. Desse modo, o projeto terá respaldo até abril de 2004, mas é certo que essa é uma iniciativa que pretende ser permanente.

O Programa Educativo para Públicos Especiais, ‘já carinhosamente chamado de Pepe’, como disse o diretor da Pinacoteca, Marcelo Araújo, foi desenvolvido por uma equipe formada por quatro profissionais: a arte-educadora e museóloga Amanda Tojal – que coordena o projeto -; a educadora Margarete de Oliveira; o artista plástico e arte-educador Alfonso Ballestero; e a designer Dayse Tarricone. Sua ação está concentrada nas obras do acervo permanente da Pinacoteca abrigado no 2.º andar do prédio e que reúne cerca de mil obras. Para esse projeto, foram selecionadas 40 delas. A visitação vai ter início com maquetes do museu para que os deficientes conheçam seu espaço e seu entorno. A Pinacoteca também atenderá a idosos, focalizando os que têm doenças degenerativas e outras deficiências.

Depois, o público entrará em contato com as obras do acervo. ‘Foram escolhidas duas obras mais conhecidas de cada galeria’, diz Amanda Tojal. Um grupo de 20 esculturas estará em seu estado original e poderá ser tocada pelo público – Valeria Mendonça, responsável pela equipe de restauro e conservação das obras do museu autorizou a ação. Já outras 20 obras foram trabalhadas com relevos em borracha e em resina e se transformaram em jogos, tudo criado especialmente para o programa.

Um quadro como Bananal, 1927, de Lasar Segall, foi decodificado com relevos táteis. Primeiro, seus detalhes foram colocados em borracha. O visitante poderá recriá-lo passo a passo, vai entender sua construção por meio de partes. Depois, o mesmo visitante encontrará uma reconstituição total da obra feita em resina e, por fim, terá acesso a uma montagem tridimensional da obra, como um jogo. Outro ponto do programa é a doação de catálogos com textos e imagens em tinta e braile. As visitas devem ser agendadas e, como diz Amanda, há a possibilidade de se criar parcerias com hospitais, terapeutas e instituições que cuidem desse público especial. O agendamento pode ser feito, de segunda a sexta-feira, das 10 às 17 horas, pelos telefones 3313-4396 e 227-1655, com Valdir.