Pinacoteca: Calder e a sedução do movimento

O Estado de São Paulo - Sábado, dia 26 de agosto de 2006

sáb, 26/08/2006 - 11h20 | Do Portal do Governo

 


 


 



Na Pinacoteca, mostra e livro lembram as relações do ‘pai’ dos móbiles com o Brasil


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Camila Molina


A primeira grande mostra de Alexander Calder (1898- 1976), sua retrospectiva no Museu de Arte Moderna de Nova York, entre outubro de 1943 e janeiro de 1944, foi uma revelação para o crítico brasileiro Mário Pedrosa. Ele chegou a afirmar que as obras do escultor americano obrigavam uma “verdadeira reeducação da sensibilidade”. Mais ainda, como afirma a filósofa Otília Beatriz Fiori Arantes no livro Mário Pedrosa: Itinerário Crítico, o brasileiro interpretou naquele momento, naquela experiência, “as possibilidades de transformação do mundo pela arte abstrata”. Calder tirou da escultura o seu caráter estático ao criar seus inventivos móbiles, peças escultóricas em metal e arame que ficam em movimento silencioso, natural, leve.


Pedrosa relacionou Calder, Jesús Soto e Lygia Clark como os maiores inventores modernos. Tanto foi o encantamento por Calder que, dali para frente, acompanhou o artista americano tanto criticamente quanto como amigo. E Calder também se interessou pelo Brasil, vindo para cá por três vezes: em 1948, 1959 e 1960. Além da amizade com Pedrosa, outro amigo brasileiro importante foi o arquiteto Henrique Mindlin, que conheceu o artista em 1944, nos EUA. Essas duas amizades foram cabais, como diz Roberta Saraiva, para a concepção da mostra Calder no Brasil, que será inaugurada hoje na Pinacoteca do Estado. A exposição, com curadoria de Roberta, reúne 50 obras do americano além de documentários e trata da relação do artista com o nosso País: suas idas e vindas, suas obras presentes em solo brasileiro, suas amizades, inspirações (entre elas, o samba e a figura da figa), suas mostras e até a rápida relação com a construção de Brasília (Niemeyer chegou a pedir ao escultor que criasse uma obra para a Praça dos Três Poderes, projeto que não se concretizou).


Durante quatro anos, Roberta Saraiva veio pesquisando essa história. O resultado do trabalho, além da mostra, é o livro Calder no Brasil, que também será lançado hoje durante a abertura da exposição.