Regina Silveira transforma octógono com luz e forma
Maria Hirszman
O octógono da Pinacoteca, que vem se fortalecendo como local privilegiado de intervenção de artistas contemporâneos brasileiros, foi tomado por mais uma das charadas visuais de Regina Silveira. A artista gaúcha, consagrada por suas ilusões espaciais, pelas tramas visuais que constrói manipulando a luz e distorcendo as formas, transformou o pátio central do museu em um grande espaço suspenso, azulado, encimado por um grande e atraente astro que parece mais proveniente da nossa imaginação coletiva.
Extremamente concisa e provocante, a obra se resume a filmes colados no grande teto de vidro, de quase 300m2, com a imagem de uma gigantesca bola (na realidade a foto de uma bola de criança pintada de branco) contornada por um azul irreal que remete ao céu e que projeta-se para dentro do prédio. No meio do espaço vazio, um estranho pedestal negro – como o monolito de 2001, Uma Odisséia no Espaço – atrai a curiosidade do espectador. Ao debruçar-se sobre ele, lá dentro vemos a mesma imagem, que projeta-se para além do chão.
Nesse Observatório – título sugestivo da obra – Regina parece nos colocar dentro de um funil, no qual temos a sensação quase tátil do espaço infinito, que nos engole de maneira delicada e misteriosa.
(SERVIÇO)Serviço Regina Silveira. Pinacoteca do Estado. Praça da Luz, 2, metrô Luz, 3229-9844. 3.ª a dom., 10h/18h. R$4 (sáb. grátis). Até 31/12. Abertura hoje, 11 h