PIB de São Paulo ganha peso no Brasil

Folha de S.Paulo - Quinta-feira, 20 de dezembro de 2007

qui, 20/12/2007 - 13h11 | Do Portal do Governo

Folha de S.Paulo

A principal economia do país ficou ainda maior: a cidade de São Paulo ganhou peso no PIB dos municípios brasileiros e passou de uma participação de 11,7% em 2004 para 12,3% em 2005 -mas, em 2002, o percentual era de 12,8%. O resultado expõe a forte concentração econômica do país, em que apenas cinco municípios produziram um quarto de todos os bens e serviços nacionais.

Na lista, estavam Rio de Janeiro, Brasília, Curitiba e Belo Horizonte, além da capital paulista. Os dados fazem parte da pesquisa PIB dos Municípios, divulgada ontem pelo IBGE. São Paulo teve o maior ganho entre todos os municípios, com mais de 0,5% do PIB -0,6 ponto percentual. Seu PIB correspondia a R$ 263,2 bilhões.

E não é apenas a capital paulista que mostra sua força: os cinco maiores PIBs de cidades que não são capitais estão no Estado de São Paulo -Barueri, Guarulhos, Campinas, São Bernardo do Campo e Osasco. Todas têm em torno de 1% do PIB do país.

A má distribuição do PIB, segundo a pesquisa, não fica restrita a essas cidades: apenas 51 municípios respondem por 50% do PIB brasileiro -e só 30,5% da população. Em contrapartida, 1.371 cidades (24,6% do total de 5.554) representavam 1% da economia do país em 2005.

“O Brasil é um país muito desigual. É muito rico. Está entre as dez maiores economias do mundo, mas poucas cidades dominam a maior parte do PIB”, disse Eduardo Nunes, presidente do IBGE.

Índice de Gini

Outro indicador, que mede a desigualdade, revela o desequilíbrio brasileiro: o índice de Gini do PIB brasileiro era de 0,86 em 2005, superior ao 0,53 do rendimento total dos domicílios brasileiros apontado pela Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios).

“O índice de Gini do PIB tende a ser mais concentrado, pois mede onde a renda é produzida, e não necessariamente onde ela é apropriada”, disse Sheila Zani, coordenador do PIB dos Municípios.

Exemplo: quem vive em Francisco Morato ou Itaquaquecetuba ( “cidades-dormitório” da Grande São Paulo) e trabalha na capital contribui para o PIB paulistano, mas absorve o rendimento e consome no município onde mora.

Zani ressaltou que o Gini sintetiza o quão desigual é a distribuição da economia brasileira. E citou outro indicador que revela tal realidade: o PIB dos 10% dos municípios que mais contribuíram para a produção no país era 24,5 vezes maior do que o dos 50% que menos engordaram o PIB.

Sobre o avanço da economia de São Paulo de 2004 para 2005, o IBGE afirma que isso ocorreu por causa do ganho de peso do setor de serviços no PIB -de 64% para 66,5% em relação ao total do Estado. A capital agrupa a maior parte dos serviços, com força em administração pública e especialmente o setor financeiro.

Rio de Janeiro

Na outra ponta, ficou o Rio de Janeiro, que teve a maior perda de participação -de 5,8% em 2004 para 5,5% em 2005. A capital fluminense vem historicamente cedendo peso -em 2002, figurava com 6,2%. Era a mesma tendência apontada por São Paulo em anos anteriores, mas que foi interrompida em 2005.

O Rio, diz Zani, perde relativamente participação com a diversificação industrial do interior do Estado, especialmente da produção de petróleo no norte fluminense.

Curitiba e Brasília, por sua vez, ganharam um pouco -0,1 ponto percentual. Belo Horizonte perdeu peso -0,1 ponto. No caso da capital federal, a evolução da administração pública e do setor financeiro (ambos abrigados no setor de serviços) explicam a expansão, segundo o IBGE.

Depois de São Paulo, os maiores ganhos de participação ficaram com Campos dos Goytacazes (RJ) e Barueri (SP) -ambas com 0,2 ponto. Foram beneficiadas pelo aumento do preço e da produção de petróleo (15%) e pelo crescimento dos setores de serviços financeiros e de informação, respectivamente.

Nanicos

Dos cinco menores PIBs municipais do país, quatro estavam no Piauí: Olho D’Água do Piauí, São Luís do Piauí, São Miguel da Baixa Grande e Santo Antônio dos Milagres. O outro era Quixabá, na Paraíba.