Estação Pinacoteca abre mostras do gravador Marco Buti, que lança livro, e do ilustrador Lan
Camila Molina
Falar de uma mobilidade constante não se refere somente ao tema do urbano na poética do artista – o olhar para cima, para baixo, tão próprio da cidade – mas também à inclusão da fotografia, desde 1992, em seu trabalho. “Há gravuras que saem de fotos, há gravações a partir de fotos, há sempre migrações entre os dois meios e nenhuma hierarquia”, afirma.
Nas gravuras, sempre em metal, o olhar de “passante” pelas cidades se revela por meio de composições formais, em muitas, composições com linhas – e numa das séries, em preto-e-branco, Buti representou até mesmo o que seriam as projeções de luz nos espaços interiores de sua casa. Nas fotografias, o formal também está lá, mas como a foto é sempre um registro a partir do real, percebemos, sim, os dados dos lugares (diversos do mundo), mas não é isso que está em jogo. É curioso como nas obras de Buti o importante não é estabelecer se sua poética é figurativa ou abstrata. “Não trabalho com a fronteira entre figurativo e abstrato, tudo parte do que é visto. Sombra e luz, a todo momento e lugar, é o que sempre constroem os desenhos”, diz Buti. Na mostra e no livro (concebido como uma espécie de diário dos encontros entre Alberto Martins e o artista e com textos de Buti, Priscila Sachettin e Antonio Gonçalves Filho), cabe ao espectador/leitor também ir se movimentando, estabelecer as relações entre os trabalhos e a cidade lá fora (ela pode ser vista pelas janelas do museu).
Ao mesmo tempo, na sala ao lado, será inaugurada mostra com uma seleção de 120 charges e caricaturas de Lan, publicadas em jornais e pertencentes à coleção do bibliófilo José Mindlin. A exposição, com curadoria de Ana Luiza Martins e Sérgio Pizoli, percorre período entre a década de 1960 e 1992 – estão lá representados com ironia e humor muitos do momentos históricos do Brasil e do exterior.