Passeio de férias educativo: Pinacoteca

Jornal da Tarde - Domingo, dia 7 de janeiro de 2007

dom, 07/01/2007 - 11h58 | Do Portal do Governo

Jornal da Tarde

Maria Rehder, maria.rehder@grupoestado.com.br

Uma viagem ao século 19 por meio de uma visita à Pinacoteca do Estado. Essa é a sugestão de passeio educativo de férias – voltado aos alunos de Ensino Fundamental – proposta pelo JT, em parceria com a Secretaria de Estado da Educação (SEE), a partir da Coordenadoria de Estudos e Normas Pedagógicas(Cenp) e da Diretoria de Projetos Especiais da Fundação para o Desenvolvimento da Educação(FDE).

INTRODUÇÃO

Esse passeio educativo pode ser organizado tanto por pais como pelos professores de Ensino Fundamental e exige preparo prévio. Antes de chegar à Pinacoteca, sugere-se que o grupo de visitantes já deva ter refletido sobre as seguintes questões: 1) qual é o objetivo da visita? 2) O que se espera dela? 3) O que o grupo sabe sobre o local a ser visitado?

A apreciação de obras de arte em um museu envolve aspectos sensoriais e cognitivos. É sob esses aspectos que a presente sugestão de passeio educativo possibilita a leitura da imagem do quadro do artista José Ferraz de Almeida Júnior (parte do acervo de pinturas do século 19 da Pinacoteca) reproduzida nesta página, sem ter nome revelado com destaque propositalmente.

APRECIAÇÃO

Importante: é preciso levar em conta que o ato de observar a reprodução de uma obra de arte nunca é o mesmo do que estar diante dela, pois uma reprodução em papel jornal ocasiona sensível perda de qualidade, mas que, por outro lado, talvez aguce a vontade – tanto de crianças e adolescentes como a dos adultos – de ver de perto a obra original.

Diante da obra de arte, sugere-se que o apreciador perceba as janelas, as paredes e o chão e reflita sobre as seguintes questões: 1) de que materiais esses são feitos? 2) E a figura feminina, como são seus trajes e a sua expressão? 3) O que pode conter no pedaço de papel que a personagem observa? 5) O que essa imagem lhe sugere?

CONTEXTUALIZAÇÃO

Ao tentar responder às questões acima, os visitantes poderão perceber que a imagem apreciada se trata de uma casa rústica com janelas de madeira e paredes de tijolos; as roupas usadas pela personagem são simples, o que muito provavelmente os levará a pensar em uma casa de interior. Já pela expressão atenta da personagem, pode-se supor que o papel se trata de uma carta ou de uma foto, porém, apesar de já existir no século 19, a fotografia ainda não era amplamente utilizada.

Vale a pena destacar que Almeida Júnior, autor da pintura, nasceu em Itu, Interior de São Paulo, em 1885, e dedicou parte de sua produção à representação de personagens do Interior paulista chamadas obras regionalistas. Uma parcela da crítica de arte brasileira o vê como o “pintor do nacional”, pois em suas telas figuram os costumes, as cores e a luminosidade regional, contrários à tradição eurocêntrica vigente na pintura acadêmica.

REFLEXÃO

A maneira que o artista escolheu para representar a mulher na obra reproduzida nesta página, o lugar em que ela se encontra, sua expressão e olhar atento podem transmitir uma sensação ou um tipo de sentimento. É neste contexto que os observadores devem olhar de novo a obra para responder as seguintes questões: 1) a personagem transmite quais sensações? 2) É possível perceber a sensação de saudade?

É só após essa etapa é que o condutor dessa atividade – seja um pai ou um professor – deve mencionar o nome da obra analisada, que é Saudade.

A partir dessa revelação, peça para o grupo refletir mais um pouco, só que agora com ênfase aos seus sentimentos por meio das respostas às seguintes questões 1) você já sentiu saudade? 2) De que maneira você representaria esse sentimento? 3) Sua representação seria muito diferente dessa?

PAPEL DO EDUCADOR

Essa sugestão de atividade é uma possibilidade de leitura de imagem bastante simples. Quanto mais informações forem apresentadas sobre arte, contexto histórico e o autor aos visitantes da Pinacoteca do Estado melhores serão as condições de lhes situar e fazer compreender a importância de uma obra, e com isso cercear a possibilidade de interpretação pessoal diante dela. Após a visita ao museu, é também enriquecedora a troca de experiências entre os alunos com a mediação do professores, podendo ser articulados conteúdos escolares vivenciados no passeio.

É bom lembrar que tal sugestão não se trata de uma didatização da experiência, mas de potencializá-la, despertando o interesse pelas buscas individuais e coletivas em outros espaços culturais e do reconhecimento da escola e seu entorno como locais de realizações, produções e transformações.

CURIOSIDADES

A palavra Pinacoteca tem raiz no grego – Pinakotheke -, que significa lugar que contém quadros, uma espécie de depósito. A Pinacoteca do Estado contém muitos quadros, mas não é um depósito, é um museu. Assim, além de guardar quadros e outros objetos artísticos, também é responsável por cuidar deles e promover exposições.

A Pinacoteca do Estado recebe por ano mais de 350 mil visitantes, que, além das obras de sua coleção, visitam exposições temporárias, como, por exemplo, a do artista Henry Moore e da artista brasileira Lygia Clark.

BIBLIOGRAFIA

BARBOSA, Ana Mãe. Tópicos Utópicos. Belo Horizonte: C/ Arte, 1998. Arte-educação: leitura no subsolo. São Paulo: Cortez, 2002.

PARSONS, Michael J. Compreender a Arte. Tradução de Ana Luisa Faria. Lisboa: Presença, 1992.

SÉRIE IDÉIAS nº 31. Educação com Arte. São Paulo: FDE, 2004.

COLI, Jorge. O que é Arte. São Paulo: Brasiliense, 2004 (Coleção Primeiros Passos nº 46).

PINACOTECA DO ESTADO DE SÃO PAULO. Material de Apoio ao Professor. Acervo Séc. XIX. São Paulo, 2003.

FDE. Expedições Culturais: Guia Educativo de Museus do Estado de São Paulo. São Paulo, FDE 2003.

Equipes de produção da atividade:FDE: Devanil Tozzi, Lizete Onesti, Fernanda Lorenzani Gatos, Maristela Lima, Marta M. Costa, Wania Torres (Assessoria de Comunicação FDE).Cenp: Roseli Ventrella e Suzana Rigo.Pinacoteca: Mila M. Chiovatto, Ivani M. Gualda, Maria Ercilia F. Castro, Amaury C. Brito.