Ana Goes, de 35 anos, é funcionária pública e saxofonista nas horas vagas – ela diz nas horas vagas pois não conseguiu viver da música, como gostaria. Esta semana, porém, está de folga do trabalho para ter seu momento de artista. A turnê começou nesta segunda-feira (08) e o palco são dez estações da Companhia do Metropolitano (Metrô), onde ela e outros 19 artistas, sendo nove nacionais e 11 internacionais, participam até sexta-feira (12) de um encontro inédito: o 1º Festival Internacional de Músicos de Metrô.
O Red Bull Sounderground tem duas sessões diárias: das 11 horas às 13 horas e das 17 horas às 19 horas com um repertório que vai da MPB ao reggae. Além de músicos brasileiros, o festival tem artistas de Barcelona, na Espanha; Londres, na Inglaterra; Cidade do México, no México; Moscou, na Rússia; Berlim, na Alemanha; Montreal, no Canadá; Paris, na França; e Nova York, nos EUA. O ingresso é o bilhete de metrô.
“Foi irado”, definiu Ana depois de se apresentar na Estação Anhangabaú, da Linha 3-Vermelha (Corinthians/Itaquera a Palmeiras/Barra Funda). Ela disse que o melhor de tudo foi a receptividade dos passageiros do Metrô. “As pessoas que pararam é porque acharam interessante e gostaram da minha música. Estava apreensiva porque toco saxofone há dois anos, mas depois da primeira salva de palmas relaxei.”
Assim como os outros artistas, Ana gravou um vídeo e se inscreveu no site da Red Bull para participar da seleção. Pena Schmidt, superintendente do Auditório Ibirapuera, Danilo Martire Caciavilani, da Coordenadoria de Ação Cultural do Metrô, e Lívio Tragtenberg, fundador da Orquestra de Músicos de Rua de São Paulo, selecionaram os 20 melhores. “Foi difícil. Os músicos são talentosos”, disse Marcelo Beraldo, idealizador do festival.
Entre selecionados está a dupla alemã Mellow and Pyro. Eles tocam juntos há anos e se apresentavam nas ruas e metrôs de Hamburgo e depois de Berlim. Para eles, começar a carreira nas ruas é o melhor aprendizado que um artista pode ter. “É uma escola muito difícil, mas para músicos é uma escola muito boa porque você tem de passar uma boa impressão, tem de dar atenção, fazer o show direito e digo que aprendemos a fazer música e show na rua, no metrô”, disse Mark Mellow, de 36 anos.
Seu parceiro Marco Pyro, de 34, concorda e diz que hoje eles conseguem viver da música. “Gravamos CD, temos nossa marca e foi a rua que nos deu visibilidade.”
Quem assistiu à apresentação da dupla nesta segunda, na Estação Brás, também da Linha Vermelha, pediu bis. “Deveria ter sempre. Cultura nunca é demais e é bacana poder conhecer músicos de outros países”, disse a estudante Maria da Cruz Pinheiros, de 40. O aposentado Adilson Félix, de 64, só achou que o áudio da apresentação não estava bom. “A voz ficou encoberta pelo instrumento.”
O chefe do Departamento de Marketing Corporativo do Metrô, Aluízio Gibson, disse que o projeto visa levar descontração aos 3,5 milhões de passageiros do sistema. “Isso permite um contato maior do artista com o público e valoriza o trabalho dos músicos.” O festival termina sexta-feira, às 17 horas, com uma apresentação conjunta dos artistas na Estação Paraíso.
Confira os shows desta terça-feira (09)
ESTAÇÃO ANA ROSA:
11h às 13h: Vivian del Pintor
17h às 19h: Duo Benetiz
ESTAÇÃO ANHANGABAÚ:
11h às 13h: Kutner And Koc
17h às 19h: Mustar and Custard
ESTAÇÃO BARRA FUNDA:
11h às 13h: O’Connor and Gryn
17h às 19h: The Xylopholks
ESTAÇÃO BRÁS:
11h às 13h: Ana Goes
17h às 19h: Akil Dasan
ESTAÇÃO ITAQUERA:
11h às 13h: Vibrafone Chorão
17h às 19h: Vadim Klokov
ESTAÇÃO LUZ:
11h às 13h: Lewis Floyd Henry
17h às 19h: Pedro Loop
ESTAÇÃO REPÚBLICA
11h às 13h: Gaitas Mexicanas
17h às 19h: Mellow and Pyro
ESTAÇÃO SÉ:
11h às 13h: Anatol
17h às 19h: The Nomadic Mystic
ESTAÇÃO TATUAPÉ:
11h às 13h: Blood Red Sombreros
17h às 19h: Tribal Baroque
ESTAÇÃO VILA MADALENA
11h às 13h: Rafael Masgrau
17h às 19h: Les Maga