Composições serão reproduzidas por 15 alto-falantes em um espaço decorado com bancos e espreguiçadeiras perto de bosque
A ideia é que os usuários usem o espaço não só para descansar ao som da música, mas para conhecer o trabalho de Villa-Lobos
O canto dos bem-te-vis e dos canários-da-terra que vivem no parque Villa-Lobos terão concorrência a partir de amanhã das “Bachianas Brasileiras”, dos choros e das sinfonias de Heitor Villa-Lobos. As composições serão reproduzidas por 15 alto-falantes em um espaço decorado com bancos e espreguiçadeiras perto de um bosque.
Nada mais apropriado para uma obra que, segundo o poeta Carlos Drummond de Andrade, em uma crônica publicada após a morte do maestro, em 1959, tinha “algo de vento forte na mata, arrancando e fazendo redemoinhar ramos e folhas”.
O espaço, chamado “Ouvillas”, chega com atraso. Seria inaugurado em setembro, mas a licitação do projeto demorou, diz a Secretaria Estadual do Meio Ambiente. A chuva também prejudicou, diz o órgão.
As canções foram selecionadas pela Rádio Cultura especialmente para o espaço e serão tocadas diariamente, durante o horário de funcionamento do parque (das 6h às 18h). Entre as escolhidas estão as “Bachianas Brasileiras” de números 2, 4, 5 e 7. Há ainda a sinfonia nº 4, além de sete choros e três danças.
A ideia é que os usuários utilizem o espaço não só para descansar ao som da música, mas para conhecer as composições.
Perto dos alto-falantes foram colocadas dez novas espreguiçadeiras que pela carência de árvores ficam no sol. Há ainda 12 bancos, localizados bem próximos ao bosque, já na sombra.
Frequentador do parque, o professor Gilson Pedro, 65, aprovou. “Pelo menos as pessoas vão saber quem é Villa-Lobos. A maioria só conhece o shopping [Villa-Lobos]”, diz.
Para o secretário estadual do Meio Ambiente, Francisco Graziano Neto, a proposta é despertar a curiosidade dos frequentadores, “acrescentar ao parque um sentido educativo”.
Revalorização
De acordo com o secretário, o “Ouvillas” faz parte de uma série de ações da secretaria para “revalorizar” o Villa-Lobos. O parque fica na área de um antigo lixão e carece de árvores, que são difíceis de plantar por causa do solo de má qualidade.
No final do ano passado foi inaugurado o “Circuito das Árvores”, uma plataforma elevada por onde os frequentadores podem passear próximo às copas das árvores. Ainda estão planejados um orquidário e um centro de educação ambiental, tudo a um custo de R$ 9 milhões.
