Paredes das estações de metrô ganham poesias

O Estado de S. Paulo

ter, 20/10/2009 - 8h19 | Do Portal do Governo

Projeto, que começa hoje na Vila Madalena, terá versos de Camões a Drummond 

“Quem vê, Senhora, claro e manifesto/ O lindo ser de vossos olhos belos/ Se não perder a vista só em vê-los/ Já não paga o que deve a vosso gesto.” Os clássicos versos do poeta português Luís Vaz de Camões estão, a partir de hoje, nas paredes de uma das entradas do Metrô da Vila Madalena. É um dos cinco poemas que decoram a estação. Ainda há obras de Carlos Drummond de Andrade, Haroldo de Campos, Sá de Miranda e Augusto dos Anjos. 

Os versos na Vila Madalena dão início ao projeto Poesia no Metrô. Até o fim de semana, serão instalados 42 poemas de 21 autores da Língua Portuguesa em 34 pontos de oito estações (ainda receberão o projeto Sumaré, Clínicas, Paraíso, Ana Rosa, Chácara Klabin, Santos-Imigrantes e Alto do Ipiranga) e no interior de seis trens. Hoje, a partir das 11h30, um pequeno sarau encabeçado por quatro poetas inaugura o projeto. 

A mostra permanece durante três meses nas estações. No ano que vem, a ideia é espalhar os poemas por todas as linhas. “Queremos variar os textos que ficarão expostos”, diz o poeta Carlos Figueiredo, idealizador da iniciativa. “Faremos mostras temáticas e sazonais. Temos o objetivos de sensibilizar o público, levando poesia para o duro dia a dia das pessoas, e estimular a leitura.” 

Usuários do metrô têm dificuldade para compreender os poemas. O universitário Adilio Novaes Duarte não entendeu o que Camões quis dizer com o que abre essa reportagem. “Não tenho costume de ler”, afirma o estudante. O poeta Figueiredo explicou ao rapaz que Camões exaltou uma musa elogiando seus olhos. “Com os poemas, as pessoas ainda aprenderão a compreender melhor a Língua Portuguesa. Muitos brasileiros não conseguem interpretar textos elaborados”, opina Figueiredo. E o artista ainda improvisa alguns versos sobre sua empreitada no metrô: “Uma mão estendida/ para a alma/ que tantas vezes, sozinha/ em São Paulo anda/ Só em meio a tantos,/ só não por falta da proximidade de corpos.” 

De acordo com o secretário dos Transportes Metropolitanos, José Luiz Portella, a iniciativa integra o Projeto Encontros, que reúne ações culturais nas estações do Metrô. “As manifestações transformam o espaço público em um ambiente acolhedor e agradável”, diz Portella. “Além de oferecer trilhos e trens, queremos contribuir para que a vida do usuário seja menos estressante.”