Parceria estimula produtores

O Estado de S. Paulo - Quarta-feira, 3 de agosto de 2005

qua, 03/08/2005 - 9h13 | Do Portal do Governo

Em Salto Grande (SP), agricultor ampliou cultivo de girassol de 20 hectares em 2004 para 240 este ano

A Fazenda São João da Boa Vista, em Salto Grande, região de Ourinhos (SP), entrou com força na produção de girassol, em parceria com a Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, por meio do Instituto Agronômico de Campinas (IAC), e a Bunge, multinacional de alimentos e fertilizantes, que pretende, com a expansão dos plantios, abastecer suas fábricas de produção de óleo de girassol.

Depois de um plantio experimental de 20 hectares em 2004, o proprietário Roberto Prado Alencar destinou 240 hectares à lavoura este ano. As plantas cobrem as áreas de colheita da soja. A fazenda utiliza o plantio direto em toda a área e para todas as culturas – também planta milho e feijão.

SEM IRRIGAÇÃO
O girassol foi semeado, sem irrigação, no começo de abril, um pouco depois da época recomendada, do início de fevereiro a 15 de março. ‘O desenvolvimento é bom e a produção chega fácil às 2 toneladas por hectare’, avalia o agrônomo Adivaldo Favaro, da Bunge. Ele e o supervisor de área João Queiroz Xavier, também agrônomo, dão assistência aos produtores parceiros.

A colheita deve ocorrer em um mês. Serão usadas as colhedoras de milho, com pequenas adaptações na plataforma. A máquina deixa a massa verde da planta picada no solo. A palhada ajudará o plantio direto da soja, entre setembro e outubro. A expectativa do produtor é a de que, semeada depois do girassol, a soja ganhe em produtividade.

POLINIZAÇÃO
O administrador Francisco Brito observa a grande quantidade de abelhas atraídas pelas inflorescências do girassol e lamenta não ter ‘alugado’a lavoura para produtores de mel. Essa prática é utilizada na região de Assis, segundo Favaro. ‘O girassol proporciona um mel claro e de ótima qualidade.’ Ele observa, ainda, a quase ausência de pássaros predadores das sementes, como as maritacas e rolinhas. Isso se deve, garantiu, à presença de gaviões na região de Ourinhos, que ainda possui matas preservadas.

Os agrônomos dizem que o girassol exige alguns cuidados especiais no preparo do solo. O principal deles é a correção da acidez. ‘Semear girassol em solos com pH abaixo de 5,2 é jogar dinheiro fora’, explicou Xavier. O boro é um elemento indispensável para a planta, por isso deve ser aplicado com a adubação. A irrigação pode ser usada, mas, no Estado de São Paulo, as lavouras vão bem no sequeiro.

Os problemas fitossanitários também são escassos – incidência de fungos e pragas podem ser facilmente controlados. Deve ser evitado o plantio em regiões frias, com temperatura abaixo de 18 graus.

Em São Paulo, o girassol pode ser cultivado em quase todas as regiões, por ser resistente à estiagem, durante quase o ano todo – a única restrição é nos períodos chuvosos.

Segundo o gerente da Bunge Alimentos, Márcio Massao Ota, não há interesse da empresa em fazer com que o girassol concorra com as culturas tradicionais. ‘Nossa aposta é no girassol inserido em sistema de produção com outras culturas, como alternativa de cultura de inverno para algumas regiões ou opção na renovação de canaviais e pastagens.’

CULTIVARES
A parceria com o IAC tem como objetivo o suporte técnico para o desenvolvimento de cultivares adequadas a cada situação. Para a empresa, é importante o plantio de variedades ou híbridos com maior produção de óleo. ‘Criamos um sistema que aumenta a remuneração do produtor conforme o teor do óleo’, diz Ota. A empresa assegura a compra, fazendo contratos com os agricultores. ‘Oferecemos aos parceiros alternativas para a proteção de seu custo de produção, como trocas ou contratos com preço futuro.’

Ota diz que o risco inerente à produção de uma commodity agrícola, como clima e oscilação de preços, continua existindo, mas na última safra de outono, os produtores obtiveram renda líquida de 74%, considerando o preço da saca de 60 quilos na época, de R$ 28,50, ante custo de produção de R$ 16,38.

SAIBA MAIS: IAC, tel. (0–19) 3231-5422; Bunge Ourinhos, tel. (0–14) 3324-5810