Parceiras da Imprensa Oficial

O Estado de S. Paulo - Caderno 2 Especial - Quarta-feira, 14 de abril de 2004

qua, 14/04/2004 - 9h48 | Do Portal do Governo

Editoras universitárias dividem o mesmo estande e participam de coedições com a responsável pelo ‘Diário Oficial’, agora em nova fase sob a direção do educador Hubert Alquéres

ANTONIO GONÇALVES FILHO

O maior estande da Bienal Internacional do Livro de São Paulo tem 932 metros quadrados e será ocupado pela Imprensa Oficial do Estado, que vai dividir generosamente seu espaço com 21 editoras universitárias, algumas delas parceiras na co-edição de livros importantes como o Dicionário de Política do italiano Norberto Bobbio, obra de fôlego há muitos anos esgotada e que agora volta com a ajuda da Universidade de Brasília (UnB). Em nova fase, dirigida pelo educador Hubert Alquéres, a Imprensa Oficial criou outro selo ambicioso, Imprensa Social, para publicar livros em parceria com organizações não-governamentais (ONGs) nas áreas de saúde, educação e meio ambiente, entre outras.

Localizado nas avenidas 2 e 3 (travessas O, P e Q), o estande da Imprensa Oficial vai também abrigar a Secretaria de Estado da Cultura e TV Cultura. Além de um jornal, serão promovidas apresentações diárias de músicos e contadores de histórias. Outra atração do estande é a série Contos da Meia-Noite, parceria de sucesso com a TV Cultura que será apresentada em programas de cinco minutos, destinados a introduzir o público no universo de grandes autores.

O destaque entre os 30 livros que a Imprensa Oficial lança na Bienal é a coleção Aplauso, coordenada pelo crítico de cinema Rubens Ewald Filho. Concebida como uma série econômica, destinada à leitura rápida, Aplauso tem vários autores e conta, por meio de entrevistas, a vida pessoal e profissional de artistas, escritores e cineastas. Entre os primeiros da lista estão as atrizes Irene Ravache e Ruth de Souza e os cineastas Anselmo Duarte e Carlos Reichenbach.

Entre os livros publicados pelo selo Imprensa Social, um trabalho original é A Escola Sustentável – Ecoalfabetizando pelo Meio Ambiente, co-edição que tem o Ipec (Instituto de Permaculura e Ecocivilismo do Cerrado) como parceiro. A educadora Lúcia Legan, consciente de que a verdadeira educação ambiental só é possível na prática, preparou uma espécie de manual para estudantes, que tenta conciliar a sabedoria dos povos indígenas e a tecnologia moderna, indicando atividades com material reciclável para alunos de vários estágios.

Também sobre meio ambiente serão lançadas duas outras obras, uma em parceria com a Unicamp – Argonautas do Mangue, sobre os caranguejeiros de Vitória – e outra sobre patrimônio ambiental, da editora da USP. Esse vínculo estreito com editoras universitárias tornou possível a publicação tanto da obra completa do poeta espanho García Lorca como de literatura específica que, antes, parecia condenada ao limbo editorial. Os livros de arquitetura são os melhores exemplos, entre os quais se destaca A Casa, organizado por Jorge Marão Carnielo Miguel, sobre os projetos residenciais de dois dos melhores arquitetos de São Paulo, Rino Levi (1901-1965) e Vilanova Artigas (1915-1985).

Esses livros de arquitetura, além de recontar a história de grandes projetos esquecidos – alguns até mesmo inéditos -, são obras de referência para estudantes e pesquisadores da área. É o caso de Guia dos Arquivos das Santas Casas de Misericórdia do Brasil, outra raridade que será lançada pela Imprensa Oficial em parceria com o Centro de Documentação e Informação Científica Professor Casemiro dos Reis Filho, da PUC de São Paulo.

O guia traz informações sobre essas que estão entre as primeiras edificações do Brasil. Como atração adicional, pode revelar muito sobre os bastidores históricos de várias cidades brasileiras, das articulações políticas ao papel da Igreja na formação dos valores culturais desses municípios.

O presidente da Imprensa Oficial do Estado, Hubert Alquéres, observa que a parceria com editoras universitárias e entidades do terceiro setor permite a publicação de títulos com todo o rigor visual que exigem as obras, oferecidas a um preço mais acessível ao leitor. Temas como a imigração judaica (em Bandeirantes Espirituais do Brasil) ganham nova dimensão com o cuidado gráfico de uma editora estatal que começa a ser vista com outros olhos pela comunidade. O negócio do livro no Brasil não admite mais amadores. O exemplo de excelência gráfica sai do setor privado (Companhia das Letras, Cosac&Naify) e ganha, finalmente, a esfera pública com Alquéres.