Para salvar o que restou

Jornal da Tarde

qua, 22/04/2009 - 17h20 | Do Portal do Governo

A perda de água por vazamentos na rede e a contaminação da Represa de Guarapiranga pela grande quantidade de lixo jogada ali são dois dos mais sérios problemas que ameaçam o abastecimento da região metropolitana. Daí a importância das medidas que estão sendo tomadas pela Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), como mostram reportagens publicadas por O Estado de S. Paulo.

Alguns poucos números bastam para dar uma ideia da gravidade do problema dos vazamentos. Estima-se que, na capital, eles são responsáveis por perdas que equivalem a 1 milhão de caixas dágua por dia. Um buraco de apenas 2 milímetros acarreta a perda de 3.200 litros de água por dia, suficientes para o consumo, por cinco dias, de uma família de quatro pessoas.

A Sabesp identificou e reparou, nos últimos 12 meses, 30 mil vazamentos na rede da Grande São Paulo. Em todo o Estado, apesar dos esforços feitos ultimamente, um quarto da água tratada produzida se perde antes de chegar às torneiras dos consumidores.

Um convênio assinado pela Sabesp com a Agência de Cooperação Internacional do Japão (Jica) permite o treinamento de pessoal e a utilização de modernos equipamentos que detectam vazamentos mais rapidamente e a custos mais baixos.

Uma câmara especial capta imagens dentro dos canos, uma técnica semelhante à empregada no exame de endoscopia, que torna desnecessário quebrar o asfalto, paralisar o trânsito e suspender o abastecimento, como acontece hoje.

Os equipamentos já estão sendo testados na capital (no bairro do Jaguaré), no Guarujá e em São José dos Campos. Mesmo com o emprego desses equipamentos e a continuação, pela Sabesp, da troca de ramais, conexões e redes, os técnicos da Jica calculam que serão necessários pelo menos 15 anos para reduzir pela metade a perda de água em São Paulo. Um prazo razoável considerando-se que o Japão, com recursos muito maiores, levou 50 anos para chegar a um dos menores índices de perda de água do mundo.

Outro grave problema é o lixo jogado na Represa de Guarapiranga, que polui as águas desse manancial, responsável pelo abastecimento de 4 milhões de pessoas. O trabalho de limpeza, hoje feito manualmente por lixeiros num pequeno barco, será executado com mais eficiência e em muito maior escala por dois barcos modernos, do tipo balsa, adquiridos pela Sabesp, que dispõem de esteiras e pás para recolher os detritos.

Para garantir o abastecimento na Grande São Paulo, onde a água se torna escassa – sendo necessário buscá-la cada vez mais longe e a alto custo -, o combate à perda por vazamento e ao desperdício, assim como a preservação do que restou dos mananciais, tornaram-se providências indispensáveis.