Para professor de cursinho, prova foi modelar

O Estado de S.Paulo - Segunda-feira, 7 de janeiro de 2008

seg, 07/01/2008 - 14h35 | Do Portal do Governo

O Estado de S.Paulo

As provas de português e redação do vestibular da Fuvest, aplicadas ontem aos candidatos, privilegiou o capacidade de raciocínio e interpretação de texto. “Mesmo as questões gramaticais não dependiam de conhecimentos específicos”, diz a professora de português Eclícia Pereira, do cursinho pré-vestibular da Poli. “As respostas exigiam um conhecimento acumulado ao longo da vida escolar. Foi um recado no sentido de que não adianta decorar.”

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Mais informações sobre a prova de português e redação

Para o professor de português Fernando Teixeira de Andrade, do cursinho pré-vestibular do Colégio Objetivo, as provas de português e redação impuseram ao candidato “uma observação crítica dos enunciados”. Para ele, as provas “não foram descabidas em seu nível de dificuldade”.

“Há uma evolução notável na concepção das provas de português da Fuvest”, analisa Teixeira de Andrade. “Foi uma prova modelar, em que as questões de literatura, por exemplo, exigiram do candidato que tivesse feito não apenas uma leitura dos livros – mas uma leitura crítica.”

O tema da redação – mundo digital – foi considerado “mais convencional e previsível” pelo professor Teixeira de Andrade, sobretudo se comparado com “a descatracalização da vida”, proposto em 2005. “O assunto, mais próximo do dia-a-dia dos jovens, exige que o candidato saia do lugar-comum, de forma a distinguir-se dos outros.”

A professora Eclícia Pereira surpreendeu-se apenas com o fato de não ter havido uma única pergunta sobre Sagarana, de Guimarães Rosa, uma das leituras exigidas para a prova.

Outro ponto que chamou a atenção de Eclícia foi a questão que associa Iracema, de José de Alencar, à escola literária americana. “É algo incomum”, diz. “Deve gerar alguma polêmica.”

DUAS RESPOSTAS

Para a professora da Poli, no entanto, há uma pergunta sobre o romance Vidas Secas, de Graciliano Ramos, que admitiria mais de uma resposta. “Veremos como isso será resolvido no gabarito final.”

A coordenadora de português do curso pré-vestibular Etapa, Célia Passoni, destaca a presença de questões de gramática na prova. “Elas estavam sumindo gradativamente, mas neste ano apareceram novamente, o que é positivo”, diz.

Ela compartilha a mesma opinião da professora do cursinho da Poli sobre a necessidade de os alunos empregarem conhecimentos acumulados previamente e terem capacidade de interpretação. “Todos eles (os candidatos) já estão em contato com o mundo digital”, diz.

O professor Francisco Platão Savioli, coordenador de português do Anglo Vestibulares, também destaca a necessidade de raciocínio e interpretação de texto. “A prova avalia o conhecimento de linguagem que tem real interferência na interpretação do texto. Isso nos dá indício de quem é o bom leitor”, diz.

QUÍMICA E HISTÓRIA

Hoje, 17.179 candidatos devem fazer a prova de história e 13.997 a de química. De acordo com os professores, em relação à primeira fase, as questões devem exigir maior concentração e capacidade de interpretação dos alunos.

Para Alessandro Nery, professor de química do Objetivo, a expectativa é que seja cobrada ao menos uma questão de eletroquímica, uma vez que isso não ocorreu na primeira fase.

O professor de história Francisco Alves da Silva, também do Objetivo, aposta em temas como a Era Vargas, a Ditadura Militar e a Revolução Cubana.