Instituições programam atividades para melhorar o ambiente nesta época de festas
Luciana Miranda
De uma das janelas do quarto andar do Hospital Infantil Darcy Vargas, uma criança grita: ‘Tia, tia, aqui.’ Cercado por voluntárias, o Papai Noel já pode ser visto no pátio do estacionamento. Ele está quase chegando para visitar os pequenos internados. Nos últimos dias, a cena se repete em vários hospitais da cidade.
Ontem à tarde, o Papai Noel passou pelo Darcy Vargas e pelo Instituto de Tratamento do Câncer Infantil (Itaci). Hoje, ele visita crianças e adultos internados no Hospital do Campo Limpo.
É a segunda vez que Letícia Christóvão, de 4 anos, vê o Papai Noel. Sentada na cama, seus olhos se arregalam assim que o velhinho entra em seu quarto.
Depois de receber o presente, ela tem um desejo: uma foto no colo do Papai Noel. Desejo prontamente realizado. ‘As crianças ficam numa alegria só’, diz a mãe, Valdimíria Christóvão, de 31 anos. Letícia está internada no Darcy Vargas desde o começo do mês.
No quarto ao lado, Gabriel Soares Ferreira, de 2 anos, piscava pesado de tanto sono. Mas foi só o Papai Noel chegar para o cansaço dar uma trégua ao menino. ‘Tenho certeza de que ele ficará mais animado por causa da visita’, afirma a mãe, Maria José Soares de Aguiar, de 29.
Mas não são só os pequenos que se alegram. Durante toda a visita do Papai Noel e mesmo depois de ele ir embora, as enfermeiras estão todas sorridentes. ‘O ambiente fica melhor’, diz a enfermeira Maria José de Oliveira dos Santos.
Desde o começo dos anos 90, a humanização ganhou força nos hospitais.
Lembrar datas comemorativas, como o Natal, é só uma parte desse trabalho. A psicóloga Morgana Masetti, coordenadora do Centro de Estudos Doutores da Alegria, explica que as ações de humanização são capazes de mudar o comportamento do paciente. Indiretamente, essa alteração ajuda na recuperação.
Nos dias que antecederam a festa de ontem no Itaci, a adolescente Maristela Araújo, de 16 anos, ajudou a enfeitar a árvore de Natal da enfermaria – bolas de isopor foram decoradas com tecido e fitas coloridos.
‘A festa ajuda a gente a se divertir um pouco.’
Voluntariado – Várias pessoas se oferecem para entregar presentes às crianças internadas nesta época do ano. Todas têm o mesmo interesse de levar para os hospitais a fantasia de Papai Noel. Uma delas é o advogado Marcelo Novaes, de 35 anos, há 15 alegrando o Itaci no Natal.
Ele começou esse trabalho perto dos 20 anos, quando arrecadava dinheiro de parentes para comprar presentes
para crianças de orfanatos. Influenciado por um voluntário, passou a atuar no hospital.
“Não há audiência que me impeça de vir ao Darcy Vargas”, afirma. Casado, ele é o Papai Noel do próprio filho, de 6 anos, que só agora começa a desconfiar da verdadeira identidade do velhinho.
Para darmais realismo à fantasia, Novaes capricha na roupa, comprada nos Estados Unidos,
que vem até com enchimento.
O resultado é que quando chega aos hospital, recebe sorrisos de todos os lados. “Eu faço isso pelo sorriso das crianças.”
Cardápio especial – No Centro de Atenção Integrada em Saúde Mental, conhecido como Hospital da Água Funda, os pacientes escolhem como querem comemorar e participam da organização de tudo. Os 33 homens que moram na instituição em sistema de lar abrigado decidiram que não querem enfeites de Natal. Mas não dispensam o churrasco, que será feito hoje. E, para a noite do dia 24, eles mesmos vão preparar a ceia de Natal.
Apesar das comemorações antecipadas, a noite de véspera do Natal também promete surpresas nas enfermarias da capital. São quase certas mais visitas do Papai Noel. Além disso, o cardápio dos dias de festa será especial.
Hospitais privados, como o Sírio-Libanês, o Albert Einstein e o São Luiz, se preparam para oferecer refeições com toque natalino. Seja na rede pública ou particular, o esforço das equipes de profissionais de saúde e voluntários é um só: criar um certo clima de festa.