Palácio de Verão dos governadores paulistas ficará aberto ao público

O Estado de S.Paulo - Quinta-feira, 15 de maio de 2008

qui, 15/05/2008 - 14h45 | Do Portal do Governo

O Estado de S.Paulo

O Palácio de Verão do governo do Estado de São Paulo, no Horto Florestal, na zona norte da capital paulista, será aberto ao público pela primeira vez neste domingo. Durante 60 anos, o acesso ao palácio ficou restrito às autoridades que visitavam ou se hospedavam no local. Agora, os visitantes poderão ver obras de Collete Pujol, Margaret Mee, Rugendas, Mário Gruber e Antonio Henrique do Amaral, além de móveis do século 18 e louças da Companhia das Índias. Também está programado um calendário de atividades culturais no espaço para os próximos meses.

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O principal atrativo, no entanto, é conhecer um pouco da casa que abrigou quase todos os governadores do Estado desde 1949, quando se tornou residência oficial de verão. Seus dois andares têm 22 cômodos – 8 estarão abertos à visitação. De estilo eclético, com paredes brancas e janelas verdes, o palácio fica na Serra da Cantareira. Só o jardim tem cerca de 7 mil metros quadrados, com pau-brasil e jatobá, além de animais selvagens – capivaras, macacos e tucanos.

No interior, o que surpreende é a simplicidade. Quadros, móveis e louças, do Acervo Artístico-Cultural dos Palácios do Governo do Estado, estão expostos da mesma forma que ocorria quando ali ficavam os governadores. “Quando se fala em palácio, a gente pensa logo em suntuosidade, em imperadores, príncipes, reis. Como sede do governo, o Horto tem certa formalidade, mas do ponto de vista arquitetônico é mais uma casa de campo”, afirma a curadora do acervo, Ana Cristina Carvalho.

Entre os destaques na decoração há vitrais da Casa Conrado, a mesma que fez os do Mercado Municipal e os da Casa das Rosas, e móveis antigos, como três contadores de madeira dos séculos 17 e 18 – escrivaninhas cheias de gavetas, em que se guardavam documentos, jóias e dinheiro.

GUERRA FRIA

O Palácio do Horto já foi até gabinete presidencial durante um dos mais delicados momentos da Guerra Fria. Corria o ano de 1961: os Estados Unidos preparavam a invasão de Cuba pela Baía dos Porcos e queriam o apoio do Brasil. Tentavam também esvaziar a Organização Pan-Americana, da qual participava o país caribenho. O governo americano enviou o embaixador para a Organização das Nações Unidas (ONU), Adlai E. Stevenson, ao Brasil, para conversar com Jânio Quadros. O lugar escolhido para o encontro foi o Palácio do Horto.

A história é contada pelo jornalista e escritor Nelson Valente, ex-secretário de Jânio, no livro Crônica de uma Renúncia Anunciada. “Era um lugar muito privativo e o Jânio gostava de lá.”

Segundo Valente, a reunião durou duas horas e meia e o presidente se negou a apoiar os americanos, insistindo na aproximação com o país socialista. Na ocasião, Jânio teria dito que “o que é bom para o americano não é bom para o povo brasileiro”. “A questão dos americanos fica com o Kennedy e a dos brasileiros fica comigo, que sou o presidente.” Para o jornalista, foi o início do fim político de Jânio Quadros. “Ele renunciou três meses depois.”

Palácio do Horto: No Parque do Horto, abre aos sábados, domingos e feriados, das 10 às 14 horas, e conta com guia. Entrada franca. Mais informações pelo 2193-8282 ou pelo e-mail monitoria@sp.gov.br